É muito provável que poucos, raros, fração estatística insignificante, tenham se debruçado sobre a trajetória dos sentidos sociais de “Ideologia” na Era Moderna, ou os semblantes originais do que se tratava, ou a manifestação da expressão em comportamentos políticos. Para que saber ou se preocupar com a origem de “Ideologia” como fonte de classificação das ideias [estudo das ideias] para destacar o científico e filosófico do conhecimento comum e de aspiração religiosa? Para que conhecer, na linha do tempo, que “Ideologia” fora colocada como “falsa consciência”, um campo de ideias distorcidas e enganadoras? Ou entender seus encantos teleológicos [finalidade] como a busca de um fim para orientar a transformação da sociedade? Que coisa é essa que se vincula à Revolução Política [Francesa] de 1789?
Basta aos revelados ao mundo político por soluços emotivos pegar qualquer fagulha empurrada pelo vento antes de uma tempestade, para se posicionar. Estão em nossa memória as súplicas por violência, inimizades durante o almoço de domingo, violências acusatórias, movimentos de ringue, vingança... Os motivos que levam as pessoas a se dizerem de “Esquerda” ou “Direita” nunca foram tão bobos, tolos, decorrentes de necessidades instintivas de encontrar um adversário para xingar. Para muitos é necessário ter um adversário para dar sentido à sua vida, à sua história inglória, para desforrar seus sentimentos mais perturbados como culpa dos outros, de qualquer “outro”.
“Ideologia”, hoje, é uma refeição superaquecida que queima a língua e faz ressoar os distúrbios psíquicos de ira, projeta a “falsa consciência” e “distorções políticas” que darão vazão às angústias pessoais, aos desleixos de demências sociais, aos surtos psicóticos de “bruxarias” internas e a insultos... essa “Ideologia do Combate Violento” é o caminho a dar vazão aos desencontros internos que as pessoas têm em estado de surtos emocionais. Ser violento e agressivo é a condição mais simples e imbecil de se pensar e se comportar diante dos outros.
Da Política, como a Arte de ter esperança no movimento comum para um futuro relativamente comum, esperamos mais responsabilidade e cautela, cuidado e apreço pelos outros [qualquer “outro”, qualquer “alter”]. A qualidade do que é do outro requer fazer em nome do outro. Mas o que se percebe em redes sociais, pelo próprio paradigma da “Idade Internet” como Era Civilizatória, é a instalação do Ego como razão de se ver o Alter.
Aos que se consideram “representar os outros” pelos votos recebidos o Ideológico, então, virá dos outros, do Alter, numa luta constante contra o Ego. Mas nesta “Era Civilizatória da Idade da Internet” são os eleitos a se julgar escolhidos [o eleito é o Ego], sem nenhuma “Alteridade”. “Ser eleito”, atualmente, significa que me preferem em relação aos outros e que fui selecionado para colocar o meu Ego acima dos outros Egos. “Eu represento a mim mesmo!” E essa forma de ser foi a escolhida para continuar sendo! Viva Eu!