Viver é bom, delicioso, perigoso, arriscado, desafiador. Viver pode significar a procura por experiências arriscadas, a busca por sentidos que não são encontrados na aquisição de bens materiais e serviços recompensados por dinheiro. Para a maioria avolumada da população, ter desejo de comprar algo que lhe falta e que muitas vezes está muito distante da conquista, por simples falta de dinheiro, é uma mensagem de desafios.
Algumas pessoas disparam raios de forças revoltosas e intensas sobre aqueles que, tendo recursos financeiros suficientes para comprar muitas coisas, não o fazem. Essas pessoas não falam dos outros, mas de si mesmas. Por que não compram o automóvel que eu desejo tanto? Por que não cuidam de sua saúde e estética corporal como eu faria se tivesse dinheiro? Por que se arriscam em aventuras com pouco controle e mínimo ou nenhum teste de segurança?
Os milionários são “acusados” de já terem tudo e procurarem por experiências perigosas [circunstâncias que potencializam condições de lesões ou morte] e riscos [probabilidade de lesão ou morte]. Mas, ninguém tem tudo! Quando isso acontece a vida perde o sentido de ser vivida. Viver é assumir o risco de ter o perigo. Na vida nos salvamos a cada dia para poder vencer na vida. Cansaços, desafios, lutas, guerras, vitórias, recompensas... formam o “sangue circulante” da caminhada.
O que provoca a vida é a relação com aquilo que não se tem. O humano, enquanto ser [ontos, gr.] é uma espécie que aprecia mais o que tem a conquistar do que o que já foi conquistado. Se alguém tem muito dinheiro e, por isso apresenta a condição de poder comprar qualquer coisa a qualquer momento, isso já não é uma conquista e nem uma razão para viver. Talvez seja por isso que os “milionários” estejam sempre em busca de algo que lhe provoquem medos, incertezas, riscos, perigos: o desejo de viver. Para viver é preciso se desafiar, ir em busca de algo que está sempre em outro lugar!
Para aqueles que podem comprar qualquer bem material ou qualquer serviço porque dispõem de muitos recursos financeiros, comprar não lhe será uma conquista ou vitória. É necessário se permitir experiências além dos limites da vida material, ato sem furor, como comprar pão todos os dias! É preciso ativar sensações perturbadoras do cotidiano, adrenalinas que se sobressaem aos sabores já provados. Almoçar sempre no mesmo restaurante a mesma comida é perder a sensação de saborear o disposto no prato! É preciso mudar algo, assumir experiências além dos limites já testados pela boca, pelo nariz, pelo coração, pelo cérebro, pela pele... Assim se provoca o sentimento de se estar vivo!
Os milionários e os não-milionários procuram agir sob experiências que lhes façam se sentir vivos! E o excesso de dinheiro, para aqueles que já o tem muito, é um limitador das emoções! Milionários dificilmente sentiriam alguma diferença se fossem ganhadores de loterias! Aí o dinheiro já não é capaz de anunciar vitória! É preciso se arriscar em viagens orbitais, viagens submarinas, presenciar o pico do Everest, ser protagonista de vitórias pessoais para se manter a vida e o viver!
Os milionários não são idiotas! Quanto mais perto se chega da conquista, mais coisas há para conquistar e, portanto, mais interesse em viver sob riscos e perigos. A vida dos milionários é interrompida pelo dinheiro e, por isso, precisam mais do que o cotidiano para viver! Somos assim, com ou sem dinheiro!