A Demência Social e Política consiste na discrepância ou enfraquecimento progressivo das atividades cognitivas [memória, raciocínio, comunicação, interações sociais]. Essa degenerescência apresenta seus sintomas depois de longo tempo de disfunções sociais e políticas, fraturas nos sentidos da Democracia e exorcismos contra o Espírito Republicano, como o cultivo do ruim em nome de benefícios imediatos.
A expressão da Demência irradia, primeiro, a desconfiança. As “coisas” são expostas de súbito, sem sentido lógico, sem amparo na realidade convencionada [que nos convence], em contradição com posicionamentos recentes. O Hipocampo [área de aprendizagem e memória] dá os primeiros sinais dos danos. O que se disse em pouco tempo é “evaporado” na próxima conduta. Desalinhos.
As células cerebrais, pelo mal uso do corpo do Estado e dos Governos, provoca atrofias entre os neurônios, cada um tentando se apoderar do que se lhe aparece, como oportunidades aos oportunistas, como o apressado que se atropela, como o vaidoso que se declara amor eterno, como o desorganizado que tropeça nos próprios braços. A Demência Política se revela em atos políticos surrealistas. O Surrealismo Político significa o desprezo pelo sistema lógico de reflexões pela elevação do inconsciente e do irracional, dos sonhos hiperbólicos e dos estados mórbidos [André Breton].
As Teorias da Conspiração, antes um problema insuportável nos concorrentes, por repente, vira aliada incondicional para suspeitar de trabalhos executados com técnicas experimentadas e controles de investigação rigorosos. O desvendar de planos de sequestros e assassinatos mirados em autoridades e seus familiares seria um devaneio, uma provocação, um toque de malícia política, uma invenção.
Outra expressão da Demência Política é designar diferenças físicas entre homens e mulheres para propor desigualdades sociais e políticas. É um desarranjo versado em impulsos intestinais involuntários. Para se referendar a Democracia de Gênero, não poderá ser o útero o símbolo da força feminina. Não será do útero [matriz da fertilidade e da maternidade] que nascerá a força política e social das mulheres. Não é o útero, mas a Política que traz as mulheres à luz da Vida pela Luta por Igualdade.
A liquidez da Política e do Mundo Social está em se proteger dos encantos do poder alucinógeno, das incursões dos etílicos, da satisfação vaporosa da nicotina. Proteger, diferente da inanição e do ostracismo, requer agir em nome de missões em planos de prudência, de tabuleiros de enxadristas, de alimentos políticos que performam saúde social.
A mudança se faz aos poucos, pelo convencimento do corpo social de que, após tempos longos de abusos e noites mal dormidas, cansaços e ressacas hepáticas, a Cidade-Estado possa ser expressa em equilíbrios de maturidade política e autocontrole social. A transição requer cuidados e mudança sobre o senso de futuro. A Política, ainda que seja imortal, requer ressurreição.