Por Dr. André Vicente D'Aquino - andredaquino@hotmail.com
Publicado 22/01/2025 19:02
Alterado 22/01/2025 19:51
Hoje cedo, algo aparentemente trivial atravessou meu dia de forma inesperada. Uma conhecida de longa data, com quem não converso há mais de vinte anos, compartilhou em suas redes sociais uma frase que reverberou em mim, e dizia assim: “Chega a ser triste que o simples fato de você batalhar para alcançar seus sonhos possa incomodar tanta gente.” A frase, aparentemente carregada de desabafo e vulnerabilidade, ficou ressoando em minha mente. Logo depois, atendi a ligação de um paciente que está em tratamento contra a ansiedade e a depressão. Sua voz era pausada, quase abafada por um cansaço invisível que transcendia palavras. Antes mesmo que eu pudesse digerir a conversa, fui surpreendido por uma notificação na tela do meu celular: uma nova matéria sobre a Síndrome de Burnout – um esgotamento profissional que tem se tornado comum na sociedade atual. E então, essa reflexão se fez inevitável.
Somos todos humanos. Em nossa essência, somos feitos de uma mesma estrutura biológica, emocional e cognitiva. Entre os mais desinibidos e os mais introspectivos, habitam diferenças que não são defeitos, mas apenas traços de personalidades distintas. Essas nuances compõem a riqueza de quem somos, e dentro dos parâmetros de normalidade, refletem nossa saúde, nossa higidez.
Porém, o advento da era digital – e em especial das redes sociais – veio como um divisor de águas. Essa revolução trouxe oportunidades, é claro, mas também nos lançou em um cenário de cobranças incessantes. A exposição constante criou novos enfrentamentos: a pressão de se mostrar bem-sucedido, a comparação com os outros, a busca por aprovação na forma de curtidas e comentários. Tudo isso tem desaguado em um mar de estresse, ansiedade e depressão, atingindo até mesmo os mais equilibrados, e veja, não se trata de uma opinião isolada, mas de fatos do dia a dia nos consultórios que de alguma forma atendem e tratam a saúde mental.
Doenças com esgotamento emocional e profissional, depressão e ansiedade, e temas como competitividade e sucesso sempre existiram, porém, não eram amplificados pelos filtros perfeitos e pelas performances cuidadosamente editadas das mídias sociais. Hoje, é como se estivéssemos todos em uma vitrine, vulneráveis a críticas, julgamentos e – muitas vezes – às nossas próprias expectativas inatingíveis.
Mas como lidar com isso? Tenho certeza que a resposta não está em negar a era digital, mas em aprender a navegar por ela com mais consciência.
Precisamos redefinir nossas relações com o sucesso e a felicidade e entender, mais do que nunca, que o verdadeiro valor da vida não se mede em aprovação social, mas na conexão que cultivamos conosco e com aqueles que nos rodeiam.
Ser humano é aceitar nossas vulnerabilidades e imperfeições. É aprender que o descanso não é fracasso, mas uma necessidade. É compreender que, por trás das telas, todos estamos lutando batalhas que nem sempre são visíveis. Que possamos aprender a nos acolher, tanto nos momentos de brilho quanto nos de sombra. E que, acima de tudo, possamos nos lembrar de que somos muito mais do que aquilo que os outros veem ou esperam de nós.
Dr. André Vicente D'Aquino
@dr.andredaquino - contato 3508.1000
Médico - CRM/SC 9970, RQE 16764
Membro da American Society of Regenerative Medicine
Membro da Associação Brasileira de Medicina Integrativa e Biorregulação
Vice-Presidente da SOBOM - Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Medicinal
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