Diz aí, Afrânio!

"Eu não concordo que o Jorginho está eleito"

Afrânio Boppré, vereador de Floripa e pré-candidato ao governo de Santa Catarina pelo Psol

"Eleição não é corrida de cavalo"
(foto: Fran Marcon)
"Eleição não é corrida de cavalo" (foto: Fran Marcon)

Afrânio Boppré, vereador de Floripa e pré-candidato ao governo de Santa Catarina pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), participou de entrevista com a jornalista Fran Marcon e o colunista político JC. Ele falou sobre eleições, polarização, políticas

 

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Por que o senhor decidiu sair candidato ao governo de Santa Catarina em um quadro em que a reeleição de Jorginho Mello se desenha?

Afrânio: Eleição não é corrida de cavalo. Corrida de cavalo a gente aposta sempre naquele que tem a chance de ganhar. Eleição é democracia, é debate, postura política, troca de ideias, diálogo, e, inclusive, com a própria população; um processo didático e pedagógico para conversar sobre as relações sociais e os problemas da sociedade. No fundo, quem vai decidir no final é a urna. Eu não concordo que o Jorginho está eleito. Quero disputar, mostrar as nossas diferenças e defender a ideia do nosso campo, democrático e popular, campo da esquerda, para que o povo tenha alternativa. [Diante da polarização vivida no estado, o senhor acha que esse rito da eleição, que acabou de citar, vem sendo cumprido?] A polarização eu concordo que ela persiste, mas acho que pode diminuir, inclusive, a intensidade. Ela acontece principalmente em âmbito nacional. [SC, sendo considerado um dos estados mais bolsonaristas do país, o senhor já se sentiu perseguido ou ameaçado?] Santa Catarina não é um estado consolidadamente conservador e nem bolsonarista. Eu vou dar um exemplo: em 2002 o presidente Lula ganhou em todos os municípios no segundo turno da eleição. O nosso campo partidário já governou Itajaí, Joinville, Blumenau, Chapecó, Florianópolis, Lages, Criciúma, Araranguá... Nós já tivemos senadores, Nelson Wedekin, Dirceu Carneiro, Jaison Barreto, Ideli Salvatti... [O PSOL estará coligado com o PT no estado?] Nós queremos fortalecer o palanque do presidente Lula em Santa Catarina. A prioridade é a eleição do Lula. No Rio Grande do Sul, por exemplo, no final de semana tivemos uma oportunidade de consolidar uma aliança. O Preto é o candidato ao governo do estado, ele é do PT. O Pimenta, deputado federal, é candidato a senador. A nossa querida companheira, guerreira, que está se filiando agora dia 9 ao PSOL a Manuela D'Ávila, também é nossa candidata ao Senado. Esse esforço nós queremos fazer em todo o país e aqui em Santa Catarina estamos na mesa de conversa. [O senhor poderia ser vice para compor com o PT?] Nós estamos dispostos a construir essa alternativa. É claro que se o PT apresentar um outro nome nós vamos, evidentemente, dialogar. Mas se aparecer nomes que não são da nossa tradição, evidentemente que a gente vai manter a nossa posição.

 

 

"Santa Catarina não é um estado consolidadamente conservador e nem bolsonarista"

 

O senhor acredita que Décio Lima será candidato ao governo ou ao Senado por Santa Catarina?

Afrânio: Eu participei, domingo, do encontro do PT em Joinville. Estava presente o presidente nacional do PT, o Edinho. Ele botou a mão no peito e disse: “o presidente Lula não pode abrir mão da candidatura do Décio Lima ao Senado”. Ele veio aqui para fazer o lançamento da candidatura do Décio ao Senado, ou para dentro do partido. A tendência hoje é que o Décio seja candidato ao Senado. Nós temos que ter uma segunda candidatura ao Senado [A grande briga democrática será no Senado?] Aquela turma que preparou uma possibilidade de golpe, que nós vimos no 8 de janeiro, ela ainda não desistiu. Eu afirmo aqui para vocês, na minha leitura política, o golpe está em curso e aberto. Não está encerrado. Aqueles que acham que o mal maior já passou, que o Bolsonaro está preso, eu não concordo. Um dos campos de batalha é o Senado. Nós estamos discutindo a candidatura da Simone Tebet, que foi candidata a presidente e é ministra do governo, como candidata a senadora. A Marina é uma das hipóteses de lançarmos candidata ao Senado. Nós vamos fazer de tudo para salvar a vaga do Senado.

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"A prioridade é a eleição do Lula"

 

Como o senhor enxerga a possibilidade de Carlos Bolsonaro concorrer ao Senado por Santa Catarina?

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Afrânio: Eu acho uma demonstração de desespero por parte deles. Porque se ele é tão bom, por que não é candidato lá no Rio de Janeiro? Se ele tem essa capacidade toda, o pai dele é do Rio de Janeiro, ele tem carreira no Rio, tem um irmão senador, por que ele não fica no Rio? Eu chamo de definhamento da política bolsonarista no Brasil. Não é à toa que a deputada Ana Campagnolo saiu atirando, e de metralhadora, porque não acertou só o Carluxo, acertou o Eduardo Bolsonaro. Se a gente olhar o que aconteceu este final de semana, por exemplo, no Ceará, onde o presidente nacional do PL, o Valdemar da Costa Neto, autorizou o presidente estadual a conversar regionalmente para apoiar o Ciro Gomes, candidato a governador. Aí a Michele vai no Ceará, desautoriza o Bolsonaro, o Valdemar, o Flávio, o Eduardo e lança a candidatura do Girão. Eles estão batendo cabeça. Isso é resultado não de uma posição política crescente, ao contrário, isso é resultado de uma crise interna no campo da extrema direita brasileira. [Como o senhor vê a aproximação do Ciro com o PL?] O Ciro a gente sabe é um oportunista. Ele já prestou um desserviço à democracia na eleição passada, mesmo sendo candidato pelo PDT, partido que eu reconheço e preservo muito, mas o Ciro tem feito um serviço a favor da extrema direita. Ele está saindo do PDT, vai para o PSDB, é candidato do Bolsonaro – para quem semana passada era ministro da Economia do Lula, agora está em um outro campo extremamente adverso, eu acho que é extremamente incoerente a postura do Ciro. [Em SC o PDT estará coligado com PSOL e PL?] Eu gostaria muito, mas acho que hoje o caminho do PDT pode ser um pouco diferente do que eu gostaria. Eles estão priorizando a eleição na Assembleia.

 

"Eu não concordo que o Jorginho está eleito"

 

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O prefeito de Joinville, Adriano Souza, poderá sair candidato. Essa possibilidade muda o cenário?

Afrânio: Eu acho que muda o quadro. Mais uma candidatura fortalece a possibilidade de uma eleição de dois turnos. Eu concordo que a direita não se sente suficientemente representada com o Jorginho. Eu fui deputado junto com o Jorginho, todo mundo sabe que ele tinha um pezinho no governo Dilma. Os cargos federais do governo federal aqui em Santa Catarina, boa parte era do deputado federal Jorginho Mello. Entre eles, um dos mais importantes, o do DNIT. Tem gente que não confia. Hoje, o Jorginho não é de confiança nem da direita e nem da esquerda. Presidente Lula vem a Santa Catarina, nem que fosse para tomar um cafezinho, o governador do estado vira as costas. Vem o ministro dos Transportes, vem conversar com a bancada federal, ele não prestigia. Na loucura da eleição da Argentina, ele pega um jatinho e vai lá abraçar o Milei. Hoje, ele vestiu uma persona. Amanhã pode vestir outra. Ele está tentando repetir a tríplice aliança que o Luiz Henrique fez. Tentando montar esse campo político, porque ele sabe que se o MDB não está com ele, vai ter muita dificuldade. A eleição do Senado atrapalha ele também. Ele já tinha dado a palavra para uma candidata, que seria a candidata ao Senado, agora ele quer puxar Esperidião Amin, porque ele também precisa da aliança com os Progressistas e União Brasil – União Progressista. A tríplice aliança seria União Progressista, PL e MDB. Não era o formato do Luiz Henrique. O Luiz Henrique se antagonizava com o Esperidião, com o PP. Havia uma polarização MDB e PP. O Jorginho está tentando uma tríplice aliança híbrida, não sei se esse negócio vai dar certo. [Como o senhor analisa o senador Esperidião?] Eu acho que o Esperidião já deu o que tinha que dar, é um político decadente. A gente vê também a própria performance das outras candidaturas da família na última eleição. O que ele está tentando é forçar uma barra para dentro de uma aliança, para a aliança partidária eleger ele, porque ele não tem mais força política em Santa Catarina. [Entre dois candidatos: Jorge Seif e Esperidião, o senhor votaria no Esperidião?] Eu votaria nulo.

 

"A tendência hoje é que o Décio seja candidato ao Senado"

 

Quais os acertos e os erros do governo Jorginho?

Afrânio: Um dos grandes erros desse governo é a tal da Universidade Gratuita. É um escândalo. Ele teve que brigar com os auditores do Tribunal de Contas, tentou inclusive fazer um cala-boca e não conseguiu, porque os números não mentem. Qual foi a questão principal: nós sempre tivemos auxílio do governo estadual a estudantes e universidades particulares. O artigo 170, por exemplo, era a tradicional forma de se fazer isso. O que ele fez foi, ao invés de fazer o apoio ao CPF do estudante, ele jogou o dinheiro na mão do CNPJ da universidade. Aí as universidades fizeram a festa. Foi um grande erro, porque não é um apoio à formação dos nossos estudantes, e sim um apoio às empresas universitárias, cujo objetivo principal é o lucro. Precisa fazer uma revisão urgente desse tipo de política. [Mas o senhor vê alguma coisa de boa no governo?] Eu acho que ele errou também com as medidas na área ambiental. Eu vejo um esforço na tentativa de melhorar a rede da malha viária, com o Estrada Boa, mas tem muita estrada ainda abandonada. Eu acho que é um ponto positivo, mas nós precisamos entender que é necessário que o estado mude radicalmente a modalidade rodoviarista. Nós precisamos investir em ferrovia, melhorar as nossas estruturas e logísticas, tanto para transporte de cargas como para transporte de passageiros. Investir só no rodoviarismo é um erro que precisamos corrigir.

 

"Aquela turma que preparou uma possibilidade de golpe, que nós vimos no 8 de janeiro, ela ainda não desistiu"

 

Relatório do TCE cita irregularidades na saúde SC, com óbitos nas UTIs pela falta de médicos. Como o senhor acompanha as denúncias e essa situação?

Afrânio: Esse é um assunto extremamente importante. Porque existe uma coisa que muitas vezes as pessoas não entendem, que é essa Central de Controle das chamadas UTIs. Às vezes tem uma UTI vaga no sul do estado, a capital está superlotada, quem faz a distribuição dos pacientes é exatamente essa central. A chamada regulação. Essa regulação ficou desprovida de médicos com capacidade. Isso é um resultado estatístico que elevou o número de óbitos em Santa Catarina. Por causa do quê? Falta de investimento, de prioridade na área da saúde, resultado estatístico do governo Jorginho. [E as cirurgias eletivas, a fila diminuiu?] Melhorou, mas aquela promessa de que iria eliminar as filas ainda não aconteceu.

 

"Eu afirmo aqui para vocês, na minha leitura política, o golpe está em curso e aberto. Não está encerrado"

 

Prefeitos do PSD de SC, Topázio Neto, Juliana Pavan e João Rodrigues, foram citados em reportagem do Fantástico pelo enfrentamento duro aos moradores de rua. Qual a sua opinião sobre as ações?

Afrânio: Lamentavelmente, o nosso estado foi mais uma vez notícia nacional, com pauta negativa. Eu vejo que o que está acontecendo é um jogo de empurra. O prefeito, ele foi eleito, ele tem orçamento. Em Florianópolis, o orçamento para o ano que vem é de R$ 4,3 bilhões. Nós temos, na secretaria de Assistência Social, técnicos, sabe o que aconteceu? É o sexto secretário de Assistência Social – bateção de cabeça. Botou um alucinado do PL, que andava na sinaleira correndo atrás de quem estava vendendo paçoca, como sendo política de assistência social. Isso é um absurdo. O que aconteceu no Fantástico foi uma denúncia que ganhou escala nacional. Mas é vergonhoso. O prefeito Topazio fechou o restaurante popular. O governo federal cedeu um imóvel na avenida Mauro Ramos, no centro, para fazer o restaurante popular. O prefeito Gean Loureiro investiu, fez uma reforma, funcionava o restaurante popular. 

 

"O Ciro tem feito um serviço a favor da extrema direita"

 

Santa Catarina teve 47 feminicídios neste ano. O estado é seguro também para as mulheres?

Afrânio: De modo algum. Aqui nós temos o que eu chamo de uma cultura estrutural machista. Esse machismo, ele não é somente quando acontece a violência por morte, ele tem várias manifestações. A sociedade que a gente vive acha que a mulher nasceu de um pedacinho da costela do homem, e ela é um objeto. O que eu chamo de machocêntrico. Ou seja, o centro é o homem e a mulher está ao seu dispor. Tem que estar ao seu servir. Isso é uma cultura. A mulher não pode ser vista dessa forma. Tem gente que acha que está correto, inclusive, salários diferentes para trabalhos iguais. Isso é uma coisa absurda. Dentro dessa cultura, existe a manifestação do feminicídio, que é o uso final dessa violência. A eliminação da mulher. Eu estou atuando, levando a minha opinião, levando as denúncias, sempre que eu posso, para a gente combater esse tipo de cultura estrutural.

 

"O que ele fez foi, ao invés de fazer o apoio ao CPF do estudante, ele jogou o dinheiro na mão do CNPJ da universidade"



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