O padre Júlio Lancellotti, liderança católica de renome nacional na proteção de populações vulneráveis, considerou como “impressionante” as imagens em que o prefeito de Camboriú, Leonel Pavan (PSD) aparece mandando moradores de rua deixar um abrigo de ônibus – postadas na própria rede social do prefeito.
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Padre Júlio, que regularmente posta em suas redes sociais políticos de todo o Brasil com posturas da chamada “aparofobia” – como é chamado o ódio ou fobia aos pobres – evitou outros adjetivos na ...
Padre Júlio, que regularmente posta em suas redes sociais políticos de todo o Brasil com posturas da chamada “aparofobia” – como é chamado o ódio ou fobia aos pobres – evitou outros adjetivos na postagem, mas abriu espaço para fortes críticas à postura de Pavan.
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No vídeo – curtido por 25 mil pessoas somente na página do padre, e outras 27 mil na página do próprio Pavan –, o prefeito manda os moradores de rua sair do local, diz que eles teriam “abrigo para ficar” e os classifica como “malacos”. Num outro momento, no mesmo local, o prefeito conversa com moradoras da vizinhança, que pedem melhorias como mais linhas de ônibus.
Padre Júlio postou o vídeo do prefeito catarinense um dia antes de a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, lançar a identidade visual da Campanha da Fraternidade de 2025, que é justamente dedicada à problemática dos moradores de rua e da falta de moradias dignas no país, com o tema “Fraternidade e Moradia”, baseado no Evangelho de João, 1:14 (“Ele Veio Morar Entre Nós”).
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O estado de conservação do abrigo foi criticado pelos internautas na página do religioso. Denise Vinhas foi uma das que lembrou que originariamente, a colonização catarinense se deu por pessoas que não tinham onde morar. “Não gostam de imigrantes e de gente na rua, mas os avós vieram fugidos de muitos lugares e aqui se abancaram”, postou.
Já Mônica Silva frisou que “viver na rua não é uma escolha” e classificou o vídeo como “um horror”. Chico Wicz opinou que Camboriú estaria “caindo aos pedaços, com ônibus sem funcionar direito e professores sem receber”, mas a preocupação do prefeito seria “gravar vídeo para rede social”.
Outra postagem crítica foi a de Mallu Figueredo: “Faltam palavras gente. Todo dia eu fico pasma com as coisas que o pessoal daqui de Camboriú e região têm como corretas. E isso que moro a vida toda aqui”, considerou. Já na rede social do prefeito, a opinião se dividiu. Houve quem aprovasse a iniciativa de Pavan.
Internautas como Paulo Ricardo e José Manoel Duarte parabenizaram a postura. “Parabéns prefeito! Essas pessoas precisam de ajuda, mas também precisam se ajudar. Não dá para aceitar que essas pessoas impeçam outras de utilizar os espaços públicos”, postou Paulo.
Procurado pelo DIARINHO, o prefeito Leonel Pavan confirmou que tomou conhecimento de que padre Júlio assistiu o vídeo – “Pavan é um homem de posicionamento” – informou a nota enviada à reportagem, que inclusive reforçou que a própria assessoria advertiu o prefeito que o vídeo poderia gerar algum tipo de repercussão negativa. “Mas o prefeito não irá se pronunciar sobre o assunto”, finalizou o comunicado.