Era o começo do que o historiador catarinense Walter Fernando Piazza chamaria de a “Grande Colonização Italiana de Santa Catarina”. E o começo se deu quando colonos italianos puseram os pés, pela primeira vez, em terras brasileiras, aqui em Itajaí.
Essa onda imigratória primeiramente se dirigiu para os Vales do Itajaí-açu, no extenso território da então “Colônia Blumenau”, fundada em 1850, e no Vale do Itajaí-mirim, na extensa “Colônia Itajaí-Brusque”, cuja fundação se deu em 1860. Depois, ela se dirigiu para o sul de Santa Catarina, desembarcando os imigrantes nos portos de Desterro (Florianópolis) e Laguna.
Duas motivações levaram esses milhares de italianos (cerca de 60 mil entre 1871 e 1880) a buscar em terras da América uma vida melhor: a pobreza dos agricultores italianos, no século XIX, quase sempre trabalhando em terras que não lhes pertenciam, e a grande propaganda que na Europa, principalmente na Itália e na Alemanha, faziam aqueles contratados pelo governo brasileiro para atrair e transportar os que quisessem emigrar.
Então, famílias inteiras de pobres camponeses do norte da Itália tomavam a decisão de se aventurar rumo à América, em busca de uma vida melhor. Eram tantas as vantagens apresentadas pelos agentes da emigração que os colonos partiam entre esperançosos e apreensivos. Como bem retrata a música folclórica daqueles imigrantes: “Mérica, Mérica, Mérica, cossa saràlo ´sta Mérica”. Mérica é forma coloquial de dizer América. Que coisa será esta América?
Em fins de dezembro de 1874, 27 famílias de agricultores da região de Trento, no norte da Itália, embarcaram no porto de Trieste rumo ao Brasil. Depois de 36 dias de viagem de navio chegaram a Itajaí. Ao desembarcar essas famílias foram abrigadas no galpão dos imigrantes, na Barra do Rio. Depois em grupos e em canoas, subiram o rio até a Colônia Blumenau, e dali , por fim, até os lotes coloniais nas margens do rio dos Cedros, afluente do rio Benedito, que por sua vez é afluente do rio Itajaí-açu, fundando o que é hoje a cidade de Rio dos Cedros.
Muitos descendentes daqueles primeiros imigrantes e das levas seguintes se espalharam, depois, por todo o Vale do Itajaí, inclusive em Itajaí, como atestam os sobrenomes de atuais moradores daqui: Berti, Bona, Busarello, Campestrini, Bertoldi, Perini, Slomp, Zatelli, Demarchi, Marchetti, Piazzera, Lenzi, Sandri, Picolli, Pradi, Adami, Baldo, Fronza, Moser, Tomelin, Trevisani, Morastoni, Bellini, Chiarelli, Gardini, Gazaniga, Gervasi (Gervásio), Lana, Vignoli (Vinholi), Ardigó, Bonetti, Facchini, Dalmolin, Finardi, Deolla, Romagnani, Zambonetti, Zermiani, Barbi, Bianchini, Carezia, Cecatto, Colsani, Cristofolini, Dal Ri, Lazzaris, Maestri, Nolli, Pedrini, Polli, Rampelotti, Razzini, Ronchi, Silvestri, Dalçóquio (Dal Zocchio), Testoni, Tomio, Tramontin, Uller, Zen, Dallago, Moleri, Rodi e tantos outros que a exiguidade deste artigo não permite acrescentar.
Por fim, cabe lembrar que, dentre aqueles imigrantes italianos de 1875, desembarcou também em Itajaí, uma coloninha de 10 anos (que seguiu com os pais para o alto Tijucas, agora Nova Trento), chamada de Amábile Visentainer, que depois seria a iluminada Madre Paulina ou Santa Paulina.