Na paisagem cultural da cidade de Itajaí, constituída dentre outros por edificações, ruas, praças, monumentos, obras de arte urbana, são muitos os riscos que correm esses produtos culturais construídos pelo trabalho e criatividade dos itajaienses ao longo do tempo.
A negligência do poder público na preservação, cuidado e conservação se constitui no principal risco. A seguir, vem a sanha demolidora da indústria imobiliária, que não conseguiu conceber ainda na cidade projetos que preservem os bens arquitetônicos históricos junto a modernas edificações. Procedimento louvável e viável que já acontece em muitas cidades do Brasil e do exterior. Aqui as construtoras ainda estão naquele estágio primitivo e tosco de tudo por abaixo para construir a mesmice das torres de cimento e vidro.
Feliz exceção, cabe registro por justiça aos proprietários da Clínica São Lucas, que souberam preservar o prédio histórico da antiga Farmácia Brasil e as fachadas de outros dois imóveis fronteiros de valor cultural.
Nesses dias, outro atentado ao patrimônio cultural de Itajaí chocou pessoas que estimam a cidade, sua história e sua cultura. Tratou-se da depredação e roubo nos monumentos a Lauro Müller e à Madre Paulina, erigidos na Praça Vidal Ramos, local histórico de nascimento da cidade.
No monumento a Lauro Müller tentaram furtar seu busto em bronze; desceram-no do pedestal, mas não o levaram, quiçá por ser muito pesado. Já no monumento de Santa Paulina, tentaram remover seu busto, todavia, não conseguiram porque é parafusado; porém furtaram a placa identificadora.
Tais atos de vandalismo são certamente perpetrados por gente desqualificada, em busca do valioso bronze para venda em locais que o compram criminosamente e cujo dinheiro servirá também para fins escusos.
O que fazer agora?
É não baixar a guarda. Deve-se, tão logo quanto possível, repor as peças com mais segurança em seus locais de origem; aumentar a vigilância presencial nos logradouros públicos que abrigam esses monumentos e também vigiar por meio de câmeras seguras, pois a única existente nas proximidades, no prédio da Receita Federal, dizem, não está funcionando.
Somente desse modo ter-se-ão garantias de que tais depredações e roubos não voltem a acontecer. Sabendo-se que esses não foram os únicos, pois que semelhantemente furtaram em tempos atrás a cabeça em bronze de Elizabeth Malburg, na praça atrás da Igrejinha, e as placas identificadoras do monumento ao Centenário do Município, de 1960, e do monumento a Irineu Bornhausen, ambos na Praça da Matriz.
Cuidar bem do patrimônio histórico e cultural itajaiense é dever de todos, governantes e povo de Itajaí.