CAÇA
PM e GM fazem primeiro batidão na praia do Pinho após proibição ao nudismo
PM já avisou que vai intensificar o patrulhamento
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Balneário Camboriú abriu nesta terça-feira, antevéspera de Natal, a temporada de caça aos peladões. Uma semana após a publicação do decreto municipal da prefeita Juliana Pavan (PSD) que proíbe o naturismo na praia do Pinho, a prefeitura fez um batidão no local, dando um ultimato para quem escolhia ficar pelado no espaço que, até menos de uma semana atrás, era o primeiro de naturismo no Brasil. Além de proibir o povo de ficar como veio ao mundo, a operação fez limpeza do acesso principal à praia, divulgou as novas regras de uso do espaço e revistou pessoas que estavam na orla.
Durante o trajeto pela trilha que leva até a praia, foram recolhidas embalagens, preservativos usados, plásticos e outros tipos de lixo, segundo a prefeitura. As fiscalizações foram feitas pela polícia Militar e Guarda Municipal, além do departamento de trânsito, subprefeitura da região Sul e fiscalização ambiental. Vídeos mostram a polícia fazendo revista em pessoas que estavam na orla.
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E se depender do 12º Batalhão da Polícia Militar os peladões não terão moleza. O comandante da PM, o tenente-coronel Rafael Vicente, reforçou que a partir de agora a praia do Pinho passa a ser como qualquer outra praia de Balneário Camboriú e a prática de nudismo será proibida e fiscalizada."Uma pessoa foi presa por ato obsceno. Vamos intensificar o patrulhamento e o policiamento aqui na praia do Pinho”, advertiu.
O secretário de Segurança e Ordem Pública, Araujo Gomes, explicou que essa foi a primeira ação integrada após a publicação do decreto. “Além da ação das outras secretarias de limpeza, manutenção e levantamento de pequenas melhorias, tanto na trilha como na praia, a segurança pública, através da Polícia Militar e da guarda municipal, vai estar sempre presente para garantir que as regras sejam cumpridas. Para que atos criminosos, que aconteciam com frequência sejam imediatamente reprimidos, e para que as pessoas, famílias, jovens e crianças possam conhecer e desfrutar desta que é uma das praias mais bonitas da região”, disse.
A proibição gerou reação da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN), que manifestou preocupação com a medida, criticou discursos falsos moralistas e questionou os reais motivos do decreto. Em nota pública assinada pela presidente Paula Silveira, a federação lamentou as alterações. “A praia do Pinho não é apenas um espaço geográfico. Trata-se de um marco histórico do naturismo brasileiro, reconhecido nacional e internacionalmente, que por décadas representou um ambiente de convivência respeitosa, liberdade responsável e contato consciente com a natureza”, afirmou.
A entidade destacou ainda que o naturismo é uma prática regulamentada, baseada em valores éticos, e que não deve ser confundida com comportamentos inadequados, atos obscenos ou crimes sexuais. Para a federação, esses crimes devem ser combatidos com fiscalização, investigação e punição, e não com a extinção de uma prática legítima.
Paula Silveira reconheceu que a ausência de uma associação naturista ativa no local dificulta a organização e defesa do espaço, mas disse que isso não justifica a retirada de um direito. Segundo ela, interesses econômicos estariam por trás do fim do naturismo. “A possível venda do complexo do Pinho e a crescente especulação imobiliária na região levantam preocupações legítimas”, afirmou.
A federação lembrou ainda que muitos moradores que agora defendem o fim da prática naturista se mudaram para a região quando a praia já era reconhecida oficialmente como naturista, desde 1988.
Franciele Marcon
Fran Marcon; formada em Jornalismo pela Univali com MBA em Gestão Editorial. Escreve sobre assuntos de Geral, Polícia, Política e é responsável pelas entrevistas do "Diz aí!"
