ITAJAÍ
APS nega motivação política em decisão que tirou João Paulo do comando do Porto de Itajaí
Órgão defendeu portaria que manda o superintendente cuidar só da criação da Docas de Itajaí
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Em resposta ao DIARINHO, a Autoridade Portuária de Santos (APS) negou motivação política na decisão que tirou João Paulo Tavares Bastos do comando da Superintendência do Porto de Itajaí. A medida, publicada em portaria no dia 6 de outubro, passou a chefia do porto para o diretor de operações, Ricardo de Sousa, e mandou João Paulo focar no processo da Docas que vai gerir o terminal itajaiense.
“A criação da Companhia Docas de Santa Catarina é uma missão vital para o futuro da comunidade portuária no estado. Sendo assim, o superintendente do Porto de Itajaí, João Paulo Tavares Bastos, que tem experiência e uma atuação importante no porto de Itajaí, foi designado para o tema”, explica. “Não há motivação política nesta decisão, que atende a necessidade de trazer mais garantias para o Porto de Itajaí e demais portos catarinenses”, justificou a APS.
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O Porto de Santos também rebateu a alegação de João Paulo de que a portaria seria ilegal por esvaziar as atribuições dele junto à superintendência. O documento designou o superintendente pra se dedicar exclusivamente às tratativas da Docas, enquanto o diretor de operações ficaria responsável pelos “os atos de representação institucional, coordenação e controle das atividades e da política administrativa do Porto de Itajaí”.
“A portaria é legal e seu próprio texto deixa clara a intenção de permitir a dedicação exclusiva ao superintendente de atuar no projeto essencial de viabilizar uma gestão própria, nos moldes da Autoridade Portuária de Santos, para Itajaí, fortalecendo as operações deste importante porto catarinense”, afirma.
João Paulo tentaria reverter a decisão em Brasília (DF), onde também trata do processo pra criação da Docas, com determinação de urgência pelo governo federal. Na terça-feira, ele teve reunião com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e o secretário nacional de Portos, Alex Ávila.
“Entre os temas tratados, destacamos o avanço na criação da empresa pública federal Docas de Santa Catarina, que trará autonomia administrativa e operacional ao Porto de Itajaí, garantindo mais eficiência, investimentos e geração de emprego e renda para a região”, comentou.
Operações com fertilizantes
Segundo representantes do setor portuário, a mudança na Superintendência do Porto de Itajaí estaria ligada à liberação de cargas a granel de fertilizantes e soja. O tema gerou uma queda de braço no início do ano entre João Paulo, que é contra esse tipo de operação, e a APS, que é favorável. No meio da briga, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) proibiu a APS de autorizar cargas a granel em Itajaí.
Em resposta ao DIARINHO, a APS diz não ter “preferência” por tipo de carga. Apesar de reconhecer a vocação do Porto de Itajaí para cargas conteinerizadas, a autoridade portuária dá a entender que ainda não desistiu da ideia trazer graneis pra Itajaí.
“A APS veio para ajudar e respeitar as vocações naturais do Porto de Itajaí e do pujante e respeitado Estado de Santa Catarina. Como em Santos, a APS não tem preferência por tipo de carga. Valoriza todas que atendam às necessidades do Estado de Santa Catarina e da cidade de Itajaí”, argumenta.
Crise interna
Para a APS, as mudanças internas na superintendência não afetam a credibilidade do Porto de Itajaí. O órgão alega que todas as decisões que vêm sendo tomadas visam o desenvolvimento do porto, pra que o terminal ocupe cada vez mais um lugar de destaque nacional.
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No início do mês, o presidente da APS, Anderson Pomini, esteve em Itajaí pra divulgar o plano de R$ 844 milhões de investimentos no Porto de Itajaí. Além das obras previstas, foi tratado do andamento da concessão do canal de acesso portuário, com edital a ser lançado até o final do ano, e do arrendamento definitivo do porto, previsto pra 2026.
João Batista
João Batista; jornalista no DIARINHO, formado pela Faculdade Ielusc (Joinville), com atuação em midia impressa e jornalismo digital, focado em notícias locais e matérias especiais.