Tragédia
Professor da Associação Náutica morre após veleiro ser atingido por ventania na costa de Navegantes
David Reiser, de 39 anos, tinha saído com a embarcação no final da tarde de sábado
João Batista [editores@diarinho.com.br]

O velejador e instrutor de construção naval da Associação Náutica de Itajaí (ANI), David Reiser, de 39 anos, morreu após virar o barco no mar, próximo à boia do canal portuário na foz do rio Itajaí-açu, no final da tarde de sábado, por volta das 17h30. Ele estava navegando com um veleiro artesanal monotipo, de 12 pés, quando teria sido atingido pelas ondas provocadas por ventos fortes na região.
O presidente da ANI, Elson Oliveira, informou que David conseguiu contato, através de WhatsApp, com pessoas em terra, solicitando apoio para rebocar, pois havia virado a embarcação em que velejava. “O barco é de classe miúda, com 3,5 metros, e no dia, havia uma condição não favorável para navegação naquele local com esta embarcação”, comentou.
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Após o pedido de ajuda, Elson partiu com um bote pequeno pra tentar dar apoio. Contudo, com o mar muito alto e ventos fortes, a embarcação não conseguiu sair da barra. “Então, voltamos para pegar um veleiro maior e conseguir dar o devido apoio necessário. Neste momento, foi acionado Corpo de Bombeiros Militar, Marinha do Brasil e o delegado da Capitania dos Portos de Itajaí”, informou.
No tempo entre retornar pra pegar o barco maior, o grupo de apoio perdeu o contato com David. “Fizemos buscas pelo local onde havia sido fornecida a última localização dele, sem sucesso de encontrá-lo. Fizemos mais buscas, sentido norte, pois havia um forte vento sul empurrado tudo para a baía de São Miguel, também sem sucesso”, conta.
Já por volta das 21h40, o delegado da Capitania dos Portos informou que a lancha dos práticos, que também estava empenhada nas buscas, encontrou o veleiro virado na costa, já quase em São Miguel, em Penha, e, perto do barco, o corpo de David boiando. O velejador estava usando colete salva-vidas. “David era um grande amigo, sempre disposto a ajudar todos. É unânime o reconhecimento e, neste momento, consternação de todos”, lamentou Elson.
David era engenheiro de produção, artesão e instrutor da ANI, onde atuava no projeto de construção naval amadora da associação. O velório dele está marcado a partir das 18h deste domingo, na capela Angelus, no bairro Fazenda, em Itajaí. O sepultamento será às 9h de segunda-feira, no cemitério Borcelle.
Postagens
David postou nos stories do Instagram a saída dele para o mar na tarde de sábado. O embarque foi na sede da ANI, cruzando a baía do Saco da Fazenda e saindo pelo canal portuário até a costa. O velejador aproveitou o momento da maré vazante pra sair da boca da barra.
Após passar os molhes, o veleiro começou a enfrentar um vento sul mais forte. No vídeo, David comentou que tentaria “orçar” o barco o máximo possível, manobra que consiste em virar o nariz do barco na direção do vento. Na última postagem, ele diz que o veleiro virou uma “batedeira” em meio às ondulações.
Na mesma gravação, ele demonstra controle da situação e anuncia o plano de retorno. “Vou fazer a primeira boia do canal e voltar”, avisou. O acidente ocorreu depois. O vento sul teria levado o barco pra costa norte de Navegantes, onde o veleiro foi encontrado emborcado.
João Batista
João Batista; jornalista no DIARINHO, formado pela Faculdade Ielusc (Joinville), com atuação em midia impressa e jornalismo digital, focado em notícias locais e matérias especiais.