GUERRA DECLARADA
PL alega amparo em estatuto pra cobrar valores e filia lideranças em Balneário Piçarras
Presidente reage às denúncias de que comissionados e vereadores estariam repassando recursos irregulares a Ângelo Margute
Juvan Neto [editores@diarinho.com.br]

O presidente do Partido Liberal de Balneário Piçarras reforçou ao DIARINHO, nesta semana, que está de posse do estatuto do PL que permite ao partido cobrar de seus cargos de confiança uma contribuição espontânea em dinheiro visando a manutenção da estrutura partidária. Ângelo Margute posicionou-se após o presidente da câmara de vereadores, Lucas Maia (MDB), encaminhar ao Ministério Público denúncia vazada de um ex-assessor do Legislativo acerca dessa cobrança.
Margute não apenas reforçou o termo “denúncia esdrúxula” sobre as supostas irregularidades, as quais tanto ele como os vereadores Cleber Silveira, Maikon Rodrigues e Robson Batista, o Bigo, refutam. O presidente alegou que estuda tomar medidas contra o responsável que vazou as conversas privadas do grupo de WhatsApp dos bolsonaristas e o advogado da sigla, Diego Antônio Batista, já está a par do caso.
Continua depois da publicidade
Segundo ele, por 10 anos eventuais comissionados não desembolsaram mais do que R$ 1,1 mil de contribuição partidária em Piçarras. “É necessária a contrapartida de quem ocupa cargo; em geral, o total de cobranças de filiados soma R$ 1,1 mil ao longo de 10 anos. Isso é muito?”, questionou. Ângelo, entretanto, admite que é necessário aperfeiçoar o sistema de cobrança – repassando para contas oficiais do PL e não para a chave pix de uma assessora atualmente lotada na câmara.
“A responsabilidade é minha. Mas violaram o Código Penal ao expor as nossas conversas”, diz. Margute ainda colocou que está “absolutamente tranquilo” em abrir as contas ao Ministério Público. “O valor é irrisório. E mais: o nosso grupo só cresce. Nós trouxemos R$ 21 milhões em emendas e recursos para Balneário Piçarras nos últimos cinco anos”, justificou.
Continua depois da publicidade
No último sábado, com a presença do deputado estadual Carlos Humberto e do senador Jorge Seif, Margute filiou os ex-vereadores Rubinho e João Bento de Moraes, além de vários suplentes de vereador, egressos de partidos diversos.
No total, foram 42 filiações recentes e, entre elas, pelo menos uma dezena de suplentes à vereança. No governo municipal, Margute frisa que seguirá na base de apoio – e nesse caso, com as secretarias de Esportes e Agricultura junto à gestão de Tiago Baltt (MDB). A guerra local, entretanto, é com o presidente da câmara.
A crise entre o PL e o MDB – pelo menos no MDB no legislativo local – começou quando áudios, prints de conversas de WhatsApp e relatos recebidos pelo DIARINHO apontaram que cargos comissionados bolsonaristas estariam repassando valores mensais ao presidente.
Tabela por cargo
Os supostos pagamentos giram entre R$ 50 e R$ 300, tabelados para cada função. O material mostra diálogos no grupo de WhatsApp do partido, trocados entre 7 e 30 de maio, nos quais a cobrança aparece como obrigatória.
Em parte desses áudios, uma integrante do diretório e cargo de confiança do partido na câmara admite ter criado uma nova chave pix em seu nome, para receber as transferências.
Pela tabela, secretários filiados ao PL pagariam R$ 300, vereadores R$ 200 e demais comissionados entre R$ 50 e R$ 100. “Os recursos são repassados. Mas por seis comissionados e não 19 pessoas, como chegou a ser falado”, assegura Margute.
Continua depois da publicidade
Juvan Neto
Juvan Neto; formado em Jornalismo pela Univali e graduando em Direito. Escreve sobre as cidades de Barra Velha, Penha e Balneário Piçarras.