A compra de 350 fuzis Arad, fabricados em Israel, pelo governo de Santa Catarina para equipar a Polícia Civil, abriu uma polêmica no estado. O investimento de R$ 4,2 milhões foi autorizado pelo governador Jorginho Mello (PL) e as armas devem ser entregues em dezembro.
De um lado, a deputada federal Ana Paula Lima (PT) afirma que a operação ignora o contexto internacional, acusando o governo catarinense de “endossar” a violência de Israel contra palestinos ao negociar ...
De um lado, a deputada federal Ana Paula Lima (PT) afirma que a operação ignora o contexto internacional, acusando o governo catarinense de “endossar” a violência de Israel contra palestinos ao negociar com a indústria bélica do país. Em publicação nas redes sociais, ela chamou a decisão de “gravíssima” e disse que cada arma “carrega consigo o peso do sangue e da destruição de vidas palestinas”.
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De outro, o governo rebate e sustenta que a decisão foi técnica e operacional, sem vínculo político. Segundo a gestão estadual, os fuzis Arad são armas de última geração, já usadas pelo exército americano, FBI, Otan e pelo Bope do Rio de Janeiro. O objetivo é reforçar a segurança dos policiais civis que atuam em operações de alto risco.
O que diz o governo
O delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, afirmou que a prioridade é dar condições iguais de enfrentamento aos agentes que estão na linha de frente. “Queremos que cada policial civil de investigação ou inteligência tenha seu próprio fuzil acautelado, para garantir a sua integridade e a segurança do cidadão catarinense”, disse.
O governador Jorginho também se manifestou em vídeo, ironizando as críticas: “Se a polícia me pedir um tanque de guerra eu vou autorizar, porque quem troca tiro com bandido é o policial. Não tratamos criminoso com poema ou com flor”.
Em respostas enviadas ao DIARINHO, o governo afirmou que os recursos vêm do Fundo Estadual de Segurança Pública e do Fundo para Melhoria da Polícia Civil (FUMPC). Disse ainda que a compra faz parte de um pacote maior, que inclui também tecnologia, inteligência, viaturas e drones.
O que diz a deputada
Na avaliação de Ana Paula Lima, o Estado catarinense se torna “cúmplice de um ciclo de violência condenado pela comunidade internacional”. Ela criticou o governo por priorizar fornecedores ligados à indústria bélica israelense e defendeu que havia alternativas sem esse vínculo. O DIARINHO pediu uma entrevista à deputada por meio de sua assessoria, que informou não ter disponibilidade de tempo para responder.
Os fuzis devem chegar em dezembro e serão distribuídos em unidades da Polícia Civil que atuam em operações complexas. O plano do governo é que, até 2026, cada policial das áreas de investigação e inteligência tenha um kit completo com fuzil, pistola, colete, algemas e telefone funcional.