Itajaí
Beira Rio fica cor de rosa com o florescer dos ipês
Árvores nativas, plantadas por morador de Itajaí, são protegidas por lei
Laura Testoni [lauratestoni16@gmail.com]
É impossível passar pela avenida Beira Rio, no centro de Itajaí, e não se encantar com a floração dos ipês, que deixam o cartão-postal da cidade “temático” em pleno Outubro Rosa.
Madara da Silva Külkamp, que trabalha com comércio exterior, aproveita o horário de almoço para passear pela avenida. “Quando fico nervosa ou ansiosa, adoro vir aqui”, conta.
Madara afirma que os ipês trazem um charme especial para a Beira Rio, principalmente nos dias ensolarados, quando o rosa das flores se destaca. “As árvores e os ipês deixam a cidade mais bonita. Em uma Itajaí cheia de construções, é importante ter esse lugar de descanso”, completa.
Mudas de ipês-rosa foram ideia de um morador
O que talvez poucas pessoas saibam – ou lembrem – é que os ipês da avenida Beira Rio foram plantados por iniciativa do engenheiro agrônomo aposentado Juarez Müller. Em dezembro de 2009, na primeira administração de Volnei Morastoni, Juarez plantou cerca de 70 mudas de ipês, cor de rosas e roxos, ao longo da avenida, entendendo que a Beira Rio precisava de “um toque de cor e de verde”. Na época Juarez fazia uma assessoria de meio ambiente na prefeitura.
Itajaí ainda se recuperava de uma enchente histórica quando o agrônomo decidiu que as plantas nativas dariam mais beleza e alegria à cidade. Muitas das mudas, no entanto, acabaram cortadas por comerciantes que temiam que as árvores escondessem “as placas dos seus negócios”. “Alguns donos de restaurantes foram cortando as mudas porque queriam garantir a fachada livre. Uma visão imediatista e sacana”, relembra Juarez.
Árvores não podem ser cortadas
Após a derrubada de árvores na Beira Rio, o decreto 10.323, do então prefeito Jandir Bellini, em 2014, estabeleceu proteção para as árvores nativas em passeios públicos, incluindo os ipês da avenida Beira Rio.
Mas o corte de árvores voltou à pauta em Itajaí, este ano, durante as obras de revitalização da avenida Marcos Konder, promovidas pela própria prefeitura de Itajaí, que sacrificaram dezenas de árvores nativas, como as sibipirunas.
Das 129 árvores existentes na Marcos Konder, 75 devem ser cortadas e 54 preservadas, se o transplante for bem-sucedido, segundo a prefeitura de Itajaí.
Juarez avalia com resignação a mudança do visual da outrora arborizada Marcos Konder: “Há uma concentração cada vez maior de pessoas e de veículos. Isso leva a ações para beneficiar o trânsito de carros, mas que não focam, infelizmente, no bem-estar das pessoas," conclui Juarez.
Aproveite, o show é breve
O botânico Luís Funez explica que os ipês florescem apenas uma vez ao ano, durante a primavera, entre setembro e dezembro. Chuvas fortes e ventanias podem reduzir a duração das flores – sejam elas rosas, amarelas, brancas ou roxas.
Depois da primavera, a floração continua, mas as flores caem rapidamente e deixam de atrair insetos e aves polinizadoras. “Se não chover, as flores resistem por mais tempo nas árvores, pois ficam inteiras e intactas”, continua.
Em dias com vento forte e chuva, a tendência é que as flores caiam. Por isso, a dica é: corra para admirar o espetáculo dos ipês da Beira Rio o quanto antes.