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Edison d´Ávila é itajaiense, Mestre em História e Museólogo, mestre em Cultura Popular e Memória de Santa Catarina. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da Academia Itajaiense de Letras e da Associação de Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí. É autor de livros sobre história regional de Santa Catarina

Morte e ritos fúnebres no Itajaí antigo


Morte e ritos fúnebres no Itajaí antigo
(foto: arquivopmi)

Neste sábado, dia 2 de novembro, celebra-se a memória dos mortos. É feriado nacional e dia santificado, segundo  costume cristão. Os cristãos, desde os tempos primitivos do Cristianismo, sempre tiveram cuidados respeitosos  com os que morrem, seu sepultamento e sua memória.

No Itajaí antigo, igualmente se tinha muito respeito àqueles que morriam, por seus corpos, onde sepultá-los e pela vida após a morte. A primeira referência histórica sobre ritos fúnebres em Itajaí é do ano de 1824, quando o casal Maria e José Coelho da Rocha doaram terreno para o primeiro cemitério da Vila, a ser construído atrás da atual Igrejinha da Imaculada, na Praça Vidal Ramos, ao estabelecer a “condição de sermos dar à sepultura e fazer nosso Bem d´Alma”.

O bem morrer era penhor de bem-estar na vida após a morte e também de representação social, visto que cumprindo todos os ritos fúnebres a família  do falecido também cumpria um dever social muito observado à época.

Então, receber o moribundo o sacramento da extrema-unção; morrer segurando a vela acesa da fé, donde se originou o termo velório; ter o morto um velório, ser pranteado por familiares e amigos; haver cortejo fúnebre, em que quantos mais presentes, maior expressão social tinha o falecido; celebrar exéquias na Igreja, cujo sino tocava tristes e pausados toques; ser sepultado em lugar condigno, com celebrações religiosas  por sufrágio de sua alma no sétimo e no trigésimo dias do falecimento, faziam parte obrigatória da boa morte, naquele tempos.

Quando ainda não existiam as funerárias, o caixão fúnebre era logo encomendado a um marceneiro acostumado nessas encomendas. Escravos e indigentes eram simplesmente enrolados em lençóis ou esteiras de piri, uma palha natural, e sepultados. O caixão com o morto se levava a braços até a igreja e depois ao cemitério; por isso, os cemitérios não deviam estar muito distantes das vilas e das igrejas. Aqueles que morriam mais distantes, na zona rural, eram trazidos em carros de bois ou carroças. Somente, em meados do século XX, aqui se construiu um carro fúnebre, semelhante a uma carruagem, todo preto e puxado por cavalos, chamado de caleche, alugado para esse transporte.

Houve, em Itajaí, conforme estudos históricos demonstraram, sepultamentos de alguns falecidos no interior da antiga Igreja Matriz. Mas tal costume deixou de existir, possivelmente após 1845. Foi quando os cuidados sanitários começaram a preocupar os moradores e levaram também o cemitério a deixar o centro da Vila.

O primeiro cemitério, aquele atrás da antiga Matriz, foi transferido para a área onde hoje está a Matriz do Santíssimo Sacramento. Aliás,  lugar de solo com um banco de areia. Dali, o cemitério foi transferido em 1931 para o bairro Fazenda, porque o centro urbano de Itajaí já crescera, e que vem a ser o atual Cemitério Municipal da Fazenda.

No Pórtico do Cemitério, três inscrições lembram o respeito aos mortos, a finitude da vida e a igualdade eterna de todos, homens e mulheres: “Riquiescat in Pace”, frase latina que quer dizer: “Repouse em Paz”; “Lembra-te Homem que és Pó e ao Pó voltarás” e “Diante de Deus, todos os Homens são iguais”.


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