Com as infinitas possibilidades de se pensar o mundo, de se desejar, de poder fazer coisas, de se manifestar de acordo com a potencialidade das ideias, de gerar fatos, surge a responsabilidade do ser-livre. Liberdade é a condição de poder decidir-se e a potencialidade de caminhar sobre o bem ou o mau. Saber e liberdade apontam o fim da inocência e colocam o ser humano sob a ameaça do fracasso. Para uns é fonte de luta para suportar e, talvez, suplantar seus próprios limites; para outros é o limite entre estabilidade e instabilidade emocional.
Nas últimas décadas, as responsabilidades humanas sobre os outros se somou para os não-humanos. Os efeitos do mundo natural sobre as vidas, as catástrofes causadas pelos homens pelo uso inadequado de fontes naturais e pelo modo de vida de alto consumo de tudo, o lixo e as epidemias, são resultados da ação humana fundada em senso de liberdade. Ser livre custa caro, é difícil e expõe o ser social a seus próprios limites e finitudes.
A liberdade exige responsabilidade. Este é o papel da vida vivida. É por isso que adolescentes vivem sob tutela dos cuidadores até certa idade e depois precisam assumir sua própria vida: ser livre e responder por suas condutas. Liberdade, a condição de poder decidir-se, requer assumir um patrimônio intenso de limites, de regras, de moralidades, de sociabilidades. Fora desse plano encontramos os imaturos que imaginam ainda estar sob proteção dos efeitos dos seus próprios atos. Ou que ainda não aprenderam que seus atos têm efeitos que recaem sobre si, como água que evapora para chover de novo.
O livre mando de pensar sobre si, sobre seu corpo, obriga o pensamento a incluir os outros. Os males que você se causa são efeitos que se dobram sobre si mesmo. É chuva que chove muitas vezes com a mesma água. O que você faz recai sobre si mesmo e sobre os outros. Nasce, com o sol da liberdade, a chuva de responsabilidades.
A política foi gerada para ser o ambiente próprio da representação de interesses comuns, estruturada para usar os recursos coletivos como benefícios coletivos. Foi criada para este fim. Os partidos políticos foram nascidos para ser as instituições onde as diferenças dos grupos de pensamentos pudessem se registrar como diferentes nas causas, mas iguais nas finalidades [benefícios coletivos]. Os seres humanos institucionalizados como políticos aparecem para ser a manifestação das diferenças e o reforço nas finalidades.
Como tudo o que se faz tem efeitos sobre o mundo natural, sobre as pessoas e sobre o mundo social, especialmente no processo político é que a sensibilidade e a atenção aos benefícios coletivos serão mais intensas. Esta é uma das razões segundo as quais se pode desejar um plano de futuro melhor e delegar a outros, pelo voto, os atos de responsabilidade.
O processo eleitoral é uma parte deste ambiente de responsabilidades sobre benefícios coletivos. O voto é uma das partes do processo de liberdade e de responsabilidades. Os efeitos do voto continuam depois de votar porque as responsabilidades são para sempre. Os efeitos de nossos atos são de nossa responsabilidade, para sempre. O que você faz revela o que você é, e marca, para sempre, como tatuagem irreparável, sua trajetória. Votar é ato de responsabilidade!