A política é um campo de atração relativa ao poder. Aquele que se elege, em geral, passa a ser reverenciado em quase tudo. O Poder de Veto, em suas várias maneiras e motivos de dizer “não!”, as cobranças por “cessão” de cargos de confiança, e as condutas para que seus desejos sejam realizados, coloca o eleito num mundo da fantasia, das servilidades e das abstrações oníricas [próprias dos sonhos].
O Poder Político, em nossa cultura, se converte em Absolutismo infantil, pintado pela vontade das “crianças-eleitas” que só têm desejos. O primeiro desejo é que todos os outros lhe peçam algo [e se submetam]. Nas nuvens, é quase impossível pisar o chão frio, sem sapatos e sem meias. O salário pago para a representação das necessidades e interesses das várias mechas da sociedade se contraem apenas em acúmulo material individual. A moral e a ética da Política [ser para os outros em seu conjunto] se dissolve no ar.
O Poder da Política é inebriante, carregada de torpor e motivo de alucinações. Depois que o cargo é deixado, os “amigos” são classificados em duas escalas: os atraídos pelo poder e os atraídos pela pessoa. O poder reside na cadeira e não na pessoa.
O Poder da Política também motiva os confrontos e o entorpecimento intelectual. Sem tratos mínimos e sem nenhum pensamento histórico, os combatentes, agora simbolizados pela conquista do centro de gravidade do Poder Político, se sentem à vontade para ofensas morais, delinquências teóricas e estímulos digestivos. O Comunismo, vira e mexe, se torna o fantasma. E Karl Marx um garoto tolo no mais elevado grau da maldade humana.
Comunismo nunca existiu na sociedade humana. É uma Utopia [não-lugar, algo que não existe na realidade] Thomas More [ou Morus], filósofo, vivera no século XVI, período imediatamente anterior ao Iluminismo [contrário ao Absolutismo e ao domínio da Religião sobre o comportamento humano, a favor do poder da razão e da lógica instrumental].
Karl Marx [filósofo do século XIX] lançou a Teoria Marxiana [marxistas são variações desta] considerando que a História é, necessariamente, evolutiva [Evolucionismo]. Para Marx, os humanos criam consciência de suas condições históricas e assumirão o protagonismo de suas próprias vidas. O grau de consciência chegaria ao máximo quando todas as instituições pudessem ser superadas [economia-dinheiro, religião-fé, poder-servilidade]. Este seria o Fim da História do domínio do homem sobre o homem, num reino de Paz Eterna, de reconhecimento da Igualdade e da Solidariedade e da Fraternidade. Termos que defendemos muitas vezes.
A Evolução da História é marcada pelo sofrimento e superação, pelo erro e conhecimento. Marx traçara o perfil do Comunismo como a superação histórica dos estágios evolutivos da humanidade. E, como sabemos, nunca vimos. Tal qual a “trilogia” Inferno-purgatório-éden, Marx teceu argumentos para a trajetória humana feudalismo-capitalismo-comunismo. É preciso sofrer para aprender e superar. São os erros que ensinam.
Ninguém é comunista, a não ser que esteja sob “danação psicoativa” [embora possa desejar a utopia, este tal não-lugar]. O atual governo é necessariamente de transição, de aprendizado, de passagem, de pouca força de futuro e muitas amarras de segurança do presente. Todas as aberturas políticas nas paredes do poder são para renovação de ares. A caminhada é lenta, muitas vezes indisciplinada, cheia de riscos e perigos. A Alucinação é ato de Absolutismo Infantil. Precisaremos muito mais do que eleições para superar nossos “defeitos históricos”. [PS: aos incautos: não, não sou comunista, e nem poderia sê-lo].