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Coluna Exitus na Política

Coluna Exitus na Política

Por Sérgio Saturnino Januário - pesquisa@exituscp.com.br

Heróis, tolos e votos


Ele já estava cansado, na altura de sua idade avançada. A pele sem lustre, os olhos lentos, os gestos presos em letargia. Sentado, recostado, tivera sua leitura interrompida pela pergunta de seu filho sobre algo que ele mesmo gostaria de decifrar. Como aconteciam certas coisas degradantes naqueles dias nos quais ainda se dizia que a espécie humana evoluía?

Primeiro leu o que precisava ler e depois fechou seu livro com cuidado e calma e o colocou sobre a mesa da varanda, ao lado da xícara de café. Passou a pensar! A espécie evolui como animal, na adaptação genética. Como o sol que se faz presente, como a chuva que cai. Era algo da natureza, de um mundo de vidas interdependentes. O mundo dos homens não segue a mesma linha dos seus genes. Transgredir os instintos e agir em cultura têm custos altos!

Degustou o café e deixou o sabor deslizar sobre a língua. Refletiu mais, com alma, enquanto vapores rarefeitos do café arquitetavam seu rosto. Já faz tempo, começou a dizer, havia uma ...

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Primeiro leu o que precisava ler e depois fechou seu livro com cuidado e calma e o colocou sobre a mesa da varanda, ao lado da xícara de café. Passou a pensar! A espécie evolui como animal, na adaptação genética. Como o sol que se faz presente, como a chuva que cai. Era algo da natureza, de um mundo de vidas interdependentes. O mundo dos homens não segue a mesma linha dos seus genes. Transgredir os instintos e agir em cultura têm custos altos!

Degustou o café e deixou o sabor deslizar sobre a língua. Refletiu mais, com alma, enquanto vapores rarefeitos do café arquitetavam seu rosto. Já faz tempo, começou a dizer, havia uma tormenta política, uma degeneração do “bem” e do “mal”, de “esquerda” e de “direita”, um mundo de fantasias. Uma deformação da liberdade, daqueles que seguiam líderes às cegas, que usaram da religião para benefício pessoal, e que criavam lutas irreais dentro de batalhas alimentadas por mentiras. O inimigo era um fantasma, como o quarto escuro que dá medo em crianças.

Expunha seus argumentos e olhava para o horizonte entre montanhas pequenas. Sentia o vento refrescar o corpo. Lembrou-se que o domínio requer primeiro um sistema de dominação e de pessoas de servilidade a dominar. Aquele espetáculo político era uma forma de mentir, de criar confrontos, de gerar conflitos para que as cabeças dos incautos pudessem ter algo para defender e inimigos para acusar. As mentes, a psique, a alma, eram levadas para os campos de batalha como se depois das “guerras”, olhando para o “sangue” dos inimigos, pudessem sentir algum cheiro de vitória e grandeza. Estavam corrompidos pelo primitivo instinto, sem evolução!

Continuava: depois de certo tempo, toda a luta não vingou em vitória, e todo o esforço foi revelado como enganação e trapaça. Como sentimento comum, tropeçavam em suas vergonhas, mas por vaidade, jamais pediram desculpas ou puderam reconhecer, publicamente, seus erros e o mal que fizeram aos outros. Andavam de cabeça baixa, falavam baixo, recolhiam as mãos aos bolsos de calças ou casacos. Depois da guerra, a sensação era de tristeza profunda como a dor que fere a coluna vertebral.

Ninguém é vitorioso por vencer o adversário, e nem mesmo livre por conquistar a obediência de um escravo, ou se torna leve e puro porque sua boca proclama alguma divindade. A liberdade não é uma conquista frente aos outros, mas diante do espelho. O jovem auscultava e compreendia o que lhe era dito, sem permitir o fluxo rebelde da negação impulsiva. Conseguia se desvencilhar de si. Estava além de seus instintos.

O céu amplo agora era cortado por passarinhos a levitar. Com voz lenta de quem pensa o que fala [reflexão], descreveu que depois de “vencer” as eleições com um fio de diferença, havia mais a ser postado: a legitimação política. Ter êxito eleitoral não implica em ter sucesso político. Os desafios se enfileirariam na sequência do ciclo do tempo.

Naquele tempo a Política era feita por poucos e para poucos grupos, orientada para enriquecimento seletivo, e depois, como uma intervenção divina, concediam pequenos farrapos e poucas migalhas aos pobres de alimentos, de moradia, de escola, de medicamentos, de transporte. O tratamento político só viria se já houvesse feridas. O voto, naquele país, com gente sem cidadania, vibrava “demência” e “fraqueza”, concentrada na vontade de expulsar seus próprios demônios na derrota que pudessem imputar aos outros.

Tolos, se viam heróis! Expressão de seus traumas invencíveis, alimentado pela ganância, rancor e egoísmo! Votaram! Depois se achavam vitoriosos de coisas que desconheciam, ou derrotados e expulsos de palácios que nunca pisaram! Eram tolos! O café tinha acabado, saboroso num ambiente de paz! O tempo era invencível!


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