Isso tudo já ocorrera no Brasil em tempos eleitorais bem próximos na régua do tempo. Ameaças de todos os cantos, fugas de investidores, socialismos mal-acabados, descontentamentos das forças armadas já foram usados como forma de imprimir no comportamento eleitoral a perversidade do voto para se evitar a tragédia anunciada.
E estamos por aqui ainda, vivendo e resistindo aos infortúnios das peripécias dos satélites que transmitem a maldição do futuro. De volta em volta, o nosso mundo segue na trilha dos movimentos combinados de rotação [quando o Planeta Terra giro em torno de seu próprio eixo imaginário, e confere a passagem de um dia] e de translação [quando o Planeta Terra completa uma volta ao redor do Sol, e confere a passagem das dinâmicas climáticas]. Passam-se os dias, passam-se os anos, e continuamos em nosso mundo cotidiano e cheio de planos.
A Política, outrora a Arte da Esperança, das Promessas de um tempo melhor com clima ameno, tem sido vigorosa nas planilhas de abalos coletivos. Não há Planos para o futuro, mas acusações pessoais; não há a representação dos interesses nossos, mas a formatação do privado em regime de interesses que deveriam ser públicos. E muitos de nós a nos abalar, de dedo em riste, olhos arregalados, voz impositiva e agressividade nos gestos, e a procurar no outro a culpa pelos erros e falhas e desatinos dos “líderes”. Estamos à beira do automassacre num manifesto de fantasias de horrores.
Tão maléfico quanto o mal das tragédias anunciadas por acusações é a mentira intencionada para manipular a entrada do pensamento e produzir o resultado adulterado da interpretação. As Fake News [título monárquico da mentira ensaboada e deslavada] constituem o cenário cosmológico da versão atualizada da aventura humana na Terra, para alguns de forma plana. A Política deixou de lado a promessa não cumprida e assumiu a desfaçatez da invenção da verdade, da fluidez da pós-verdade, das máscaras da cara-de-pau.
Nada mais é confiável ante o fato de que os fatos já não são fonte de interpretação, nem de compreensão, tampouco de entendimento. Os fatos já nãos nos instruem. Cada um, pela preferência pessoal e pelo sabor do oportunismo, fabrica o fato, faz nascer o fenômeno, provoca o parto do acontecimento. O individualismo mais egoísta da percepção é a fonte da verdade. A cada rotação do planeta, a cada translação das estações, não mudamos.
A Política, pelo saldo baixo de credibilidade, tem na conta pessoal a luta para derrotar o adversário, eliminá-lo, envergonhá-lo, desmerecê-lo. Não haverá, neste movimento, a superação dos próprios limites, a correção das deficiências, o sentimento de vitória coletiva. Não sabemos o que queremos para nos melhorar, apenas que o adversário será subjugado. Ter êxito eleitoral não significará esperança, apenas superioridade ante o inimigo. E o tempo não espera!