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O PT nas eleições municipais de 2012


O PT, tão vitorioso nas últimas eleições, corre o risco de sair fraturado das eleições municipais de 2012. Fratura já evidente nas relações do partido com o PSB.

Em Fortaleza, Recife e Belo Horizonte ele perdeu o apoio do PSB. Um aliado importante. No Recife, o prejuízo teve como efeito a perda de Maurício Rands: após 32 anos de militância petista, abandonou o partido e abriu mão de seu mandato de deputado federal.

Tudo porque a direção nacional insistiu na candidatura do senador Humberto Costa à prefeitura do Recife, e em casar a dobradinha PT-PSB na capital pernambucana (que não deu certo) com o apoio a Fernando Haddad em São Paulo (que deu certo).

Na capital paulista, Marta Suplicy tinha 30% da preferência eleitoral. A direção do partido bancou a escolha de Haddad. Chegou aos 8%. O PT obteve o apoio do PP, o que dá ao candidato mais um minuto e meio de propaganda eleitoral na TV. Com pompa e circunstância, Maluf faturou alto sua foto ao lado de Lula nos jardins de sua mansão. E Haddad perdeu dois pontos na preferência eleitoral.

O PT parece ter perdido a noção da importância dos símbolos. O apoio poderia ter sido costurado entre presidentes das legendas. Sem fotos. E sem o escárnio com que Maluf, hoje na mira da Interpol, disse estar à esquerda do PT...

Em Minas, o barco virou na lagoa da Pampulha. Márcio Lacerda, homem de Aécio Neves, perdeu o apoio do PT, que se decidiu por candidatura própria e forte – Patrus Ananias. Talvez o único do PT, nesta eleição, a mobilizar militância voluntária nas ruas.

Qualquer que seja o resultado das eleições municipais em Belo Horizonte, Patrus sairá cacifado a candidato a governador de Minas em 2014. O que afoga, nas águas da Pampulha, as pretensões eleitorais do ministro Fernando Pimentel.

Teria o PT trocado um projeto de Brasil por um projeto de poder? Teria aberto mão de seus princípios ideológicos para ganhar mais tempo de propaganda eleitoral na TV? Teria a direção nacional do partido decidido inibir as prévias que outrora abrilhantavam o PT como o mais democrático partido brasileiro, por consultar as bases e respeitá-las?

Há muita literatura sobre política e partidos. Entre tudo que li, destaco o clássico de Robert Michels, “Os partidos políticos”, publicado em 1911. (Há uma edição em português da editora Senzala, sem data).

Michels defende a tese de que todo partido de esquerda que atua na legalidade burguesa acaba cooptado por ela. Porque na democracia delegativa, como a nossa, a “vontade do povo” é condicionada pelo marketing eleitoral, que depende de tempo na TV, que depende de muito dinheiro, que depende dos donos do dinheiro, que depende de concessões aos donos do dinheiro...

O PT corre, hoje, o sério risco de ficar cada vez mais parecido com o PMDB.

Por que o PT não insiste na urgência da reforma política e não lidera na câmara dos Deputados o fim do voto secreto? Democracia rima com transparência.


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