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Um tributo ecológico (II)
Não existe a menor dúvida que o Dr. Dalmo Vieira foi o verdadeiro divisor de águas entre a ecologia bucólica de antes e o ambientalismo crítico-revolucionário criado por este personagem da nossa história, que, invariavelmente, se encontra ligado ao DIARINHO, em cujas páginas eram feitas narrativas que jamais a maioria do povo oprimido e excluído teria acesso a esses fatos contrários aos princípios estabelecidos na ECO-92, ou seja: equilíbrio ecológico, viabilidade econômica e justiça social.
Enquanto, o poder político é refém dos contribuintes com caixa dois para campanha eleitoral, em troca, o poder econômico privado recebe proteção para transgredir as leis ambientais. Nosso herói tinha uma ideia na cabeça e um jornal que incomodava essa estrutura porque se manifestava através da verdade plena, conseguindo transformar as realidades contrárias ao meio ambiente. Portanto, ele vivia intensamente uma utopia através da compreensão do passado e projeção das futuras gerações. Vale a pena citar alguns eventos antropológicos, nos quais ele teve uma oportuna e decisiva participação, ou seja:
Poluição das águas (com lançamentos de carga orgânica e sintética, e metais pesados): lagoa do Cassino, ribeirão do Schneider, Saco da Fazenda, ribeirão da Caetana, ribeirão da Murta, ribeirão da Canhanduba, rio Itajaí-mirim e rio Itajaí-açu.
Pesca predatória: pesca de peixes juvenis para servir de isca-viva para captura de atuns em áreas proibidas, chegando ao ponto de participar na CPE da Pesca Predatória. Pesca de sardinha com tamanho inferior ao permitido.
Corrupção ativa: através de uma série de denúncias comprovadas em documentos foi possível a demissão de dois ex-chefes do Ibama em Itajaí, mostrando à sociedade que ninguém está acima da lei, muito menos gente protegida de políticos da situação.
Crimes ambientais: através do exercício da cidadania ambiental ele alugou um ultraleve para sobrevoar o lixão da Canhanduba, que na época os órgãos públicos não permitiam. Então, em furo de reportagem para a TV e DIARINHO, realizou documentação aérea que mostrava um veículo de coleta de lixo infectante e contaminante da saúde, sendo despejado em vala comum.
Improbidade administrativa: os órgãos ambientais sempre eram estimulados e provocados para fiscalizar os desmatamentos, a poluição, a impunidade e a omissão, a conivência e a ação proativa aos grandes transgressores da lei, geralmente, vinculados aos poderes públicos.
Casos do folclore político: a história da apreensão do papagaio do Bellini, a multa do ex-prefeito Macagnan por causa do corte de pés de silva no Saco da Fazenda; e o pesque-e-pague do Amílcar.
Enfim, esse Dom Quixote do meio ambiente foi reconhecido pelos serviços prestados em defesa da vida e da natureza em todas as suas formas associadas.