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O mestre A.D.
Fui a São Paulo participar de um seminário sobre Alberto Dines, promovido pela Fapesp [22/3/2012].
Dines fez 80 anos e o encontro também foi uma homenagem a esse gigante do jornalismo brasileiro.
Falei do Departamento de Pesquisas do Jornal do Brasil, criado por Dines e uma espécie de Google da era analógica, pois atendia aos jornalistas e se destinava no futuro ao grande público.
Mencionei também os Cadernos de Jornalismo, criados por Dines que, nos anos 1960, debatia as questões teóricas da comunicação e era destinado a formar melhores jornalistas.
Jornalista cosmopolita
Dines sempre viu a educação como um fator estratégico e pretendia criar editorias de educação não só para cobrir o que se passa no setor, mas também para cumprir a função pedagógica do jornalismo, uma das mais importantes ao lado de uma informação de qualidade
Ele me deu o primeiro emprego no Rio. Começava às cinco da manhã, no tabloide chamado Diário da Noite.
Eu tinha apenas 18 anos e ele, com muita audácia, me colocou no cargo de copy-desk o que me enchia de orgulho. Ele viu em mim um potencial e arriscou generosamente.
Participei com ele do Departamento de Pesquisas e editei também os Cadernos de Jornalismo.
Foi uma sorte ter encontrado no começo da vida profissional no Rio um jornalista culto e cosmopolita que sempre me oferecia chances de crescer.
Uma dessas chances foi a ida para o País de Gales onde fiz um curso sobre o jornalismo da escola inglesa.
Boa passagem
Mesmo como deputado, participei de seu programa Observatório da Imprensa na TV. Foi um prazer reencontrá-lo em São Paulo, conversar um pouco no almoço sobre a biografia de Stefan Zweig que Dines escreveu e reescreve nas novas edições, numa admirável tentativa de alcançar o melhor resultado.
Mencionei a passagem de Georges Bernanos por Barbacena e na mesa surgiu uma longa conversa sobre os intelectuais europeus que vieram para cá durante a guerra. Otto Maria Carpeaux, Paulo Rónai, entre outros, o Brasil ganhou muito com a vinda deles.
Boa passagem por São Paulo. Sorte minha de ter encontrado no início da carreira um editor como Alberto Dines.
* Fernando Gabeira é jornalista