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As águas de setembro


Desde o dia 8 de setembro, vivemos o drama das cheias e suas consequências. Percorri, buscando cumprir minha missão de parlamentar, vários dos municípios afetados diretamente pelo desastre natural.

Mais uma vez, colhi depoimentos que vão da dor mais silenciosa à solidariedade mais autêntica. Entre Rio do Sul e Ituporanga, a vista apresenta um cenário que remete a 1983/4. Os escombros amontoados, ao longo do trajeto, resumem as perdas materiais das famílias e das empresas que tiveram suas casas e estabelecimentos inundados. O leito deformado do rio Itajaí do Sul exibe o arvoredo destroçado, tristemente adornado por pedaços de plástico que se agarram aos galhos embarrados, revelando a tragédia ocorrida.

Conversei com pessoas que já viveram cinco ou seis vezes tais situações. O melhor que recolhi foi a esperança de uma gente especial, que não perdeu a coragem de recomeçar.

Particularmente em Blumenau, depois de ouvir o relato do pessoal da Defesa Civil, percebi que as diferenças entre as circunstâncias dos anos 80 e as atuais podem ser resumidas a dois aspectos: a) em 83/4, lutávamos sem compreender o que estava acontecendo com o clima; hoje, estamos começando a entender; b) a geologia passa a exercer poderosa influência na compreensão do que é área de risco, com dramáticas consequências urbanísticas e sociais.

O que fazer? Mais: o que priorizar? O dever de contribuir, sendo conciso, me leva a alinhar as seguintes ações de recuperação/reconstrução:

1- foram os trabalhadores e os empreendedores – urbanos e rurais – que construíram nossa economia. Devolver-lhes condições de trabalho é fundamental. Temos falado pouco sobre os prejuízos dos nossos pequenos produtores, ou seja, da nossa agricultura familiar;

2- liberar os recursos do FGTS de maneira tão ampla quanto possível é decisivo para que o dinheiro circule e movimente a economia. Ao lado de empréstimos de emergência, constitui alavanca econômica de amplo espectro;

3- criar um SISTEMA de PROTEÇÃO (Defesa) CIVIL, para monitoramento, prevenção e alerta compatíveis com a tecnologia de que nossa sociedade dispõe. Nossa capacidade de avisar a tempo mostrou-se dramaticamente falha e sem credibilidade. É inconcebível não reconhecer isto e não melhorar essa situação;

4- a reunião de trabalho de prefeitos e lideranças locais com autoridades federais, prevista para Brasília, deve ser realizada em Santa Catarina (Blumenau ou Rio do Sul), por conveniência geográfica e de custos. Tratamos, enfaticamente, disso com o Ministro da Integração Nacional, no dia 20 de setembro, juntamente com os deputados Rogério Peninha e Décio Lima. Seriedade, simplicidade, transparência, critério e agilidade na liberação e aplicação de recursos são requisitos fundamentais;

5- Finalmente, obras estruturais. Os governantes devem refletir muito antes de anunciá-las ou divulgá-las. Muitas sequer irão para o papel sob a forma de projeto coerente e viável. Difundir ideias nada resolve e desmotiva a sociedade.

Sobretudo, porém, é preciso união e unidade de ação. Em 1983, a Assembleia Legislativa criou o Conselho da Reconstrução, extraordinária experiência que prevaleceu sobre diferenças partidárias, ideológicas e religiosas. Nos atuais e inclementes tempos, essa iniciativa deveria ser objeto de reflexão, com humildade, e atitude, com grandeza!

* O autor é deputado federal

 


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