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Diálogo com o contraditório


Quantas oportunidades são perdidas, quantas pontes são derrubadas diariamente pela dificuldade humana, inata, em aceitar o contraditório, admitir o erro?

Cada um enxerga e percebe os fatos à sua maneira, baseado em sua cultura, grau de educação, crenças, experiências de vida e tantas outras influências. Daí vem a enorme diversidade humana e, por conseguinte, essa resistência quase invencível, fruto de todos os desentendimentos e todas as guerras, de toda violação dos direitos alheios.

Sim, os regimes totalitários se sustentam nessa interdição da crítica, mas como nada é infalível nem dura para sempre, as ditaduras da África setentrional e outras partes do mundo árabe vêm caindo como dominós.

Quem não se abre para ouvir o outro acaba por fechar-se em si mesmo. Eis as questões, uma delas enunciada por Norberto Bobbio: “Compreender antes de julgar”, facilitar mais o fluxo de ideias contrárias às nossas do que o das concordantes.

Como falar é fácil, e fazer é que são elas, pode-se dizer que abrir-se à visão alheia é um exercício diário, difícil, um nadar contra a maré.

Mas não há outra maneira de se humanizar, no sentido mais amplo e nobre do termo, além de buscar essa compreensão em diálogos abertos, no mesmo plano, jamais verticais, hierarquizados.

Podemos descobrir no outro muito de nós mesmos, ou aquilo que nos falta - na atração dos opostos.

Se não derrubarmos essa muralha que, como fênix, se reergue diariamente entre o nosso mundo e mundo do outro, cairemos fatalmente no dogmatismo, no fanatismo, porque como disse Bobbio: “A fé ilumina, mas por iluminar demais, cega”.

Nos interrogatórios, o que desnuda a mentira e liberta a verdade são exatamente as contradições.

Agora, cabe perguntar, dentro de nossa concepção de democracia representativa: quanta crítica nos permitem os parlamentares, as autoridades do Executivo e do Judiciário, se toda ela dá em nada, enterrada na vala comum dos escândalos dos atos secretos do Senado, por exemplo?

O garantismo exagerado de nossa Constituição acaba por influir em nosso direito de crítica, já que ninguém é culpado até a sentença final, em última instância.

O poderoso Dominique Strauss-Kahn, ex-chefe do Fundo Monetário Internacional ficou preso nos Estados Unidos, e sua fiança foi estabelecida em um milhão de dólares, condizente com suas posses e posição. Vale ressaltar que a fiança é uma penalidade extra, que dói no bolso, só devolvida se o acusado for inocentado.

A palavra fácil e descompromissada demais é mais ou menos como a fé exacerbada. Não somos exceção, mas é bom de ver que ninguém supera os políticos em matéria de discurso vazio, diversionista.

Cuidado com as palavras, porque uma vírgula numa frase pode significar uma vida; um ponto e vírgula, uma guerra.

O autor é jornalista (luizmleitao@gmail.com )

 


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