Colunas


E a reforma política?


Após vários dias do início das manifestações nas ruas, a Presi­dente Dilma se pronunciou em ca­deia nacional de rádio e televisão, e propôs cinco pactos nacionais sobre saúde, educação, transporte, responsabilidade fiscal e reforma política.

Todas as propostas são impor­tantes e visam responder aos an­seios das manifestações nas ruas; elas devem ser implementadas, mas a maioria depende da aprova­ção do Congresso Nacional.

Percebi que a Presidente está bem intencionada, especialmente, quando teve a coragem de propor uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política. Logo após suas propostas ouvimos ma­nifestações a favor e contra, espe­cialmente a respeito da Constituin­te para tratar da reforma política. Muitos parlamentares, juristas, membros do STF, OAB e outros se posicionaram contra a Constituin­te com vários argumentos, desde aquele que retardaria ainda mais o processo da reforma até o da in­constitucionalidade da mesma.

No fundo, o que consegui captar foi a ideia subjacente de que uma reforma política ampla se torna “perigosa”. Cláusula pétrea, atra­so, falta de tempo... Tudo isso não passa de má vontade. Quando se quer, se encontra uma forma de fa­zer o processo acontecer. Porém, o que acontece é que não existem os três poderes da república, e sim os vários poderes de algumas pesso­as, ou de alguns grupos, que deles não querem abrir mão. Estes estão pouco interessados em reformas e muitos menos que o povo tenha participação nas mesmas. Pou­co ou quase nada lhes interessa garantir os direitos dos cidadãos, mas, sim seus próprios interesses. E uma reforma política com par­ticipação popular coloca em risco a “autonomia dos poderes e dos poderosos”, isto é, uma reforma ampla, com participação popular, poderá desmascarar e pôr fim aos jogos de interesses das minorias nos bastidores dos poderes, ditos constituídos.

Está muito claro que uma re­forma política séria só poderia ser efetivada através da participação popular, o que poria fim a tantos crimes contra o erário público, que deve ser utilizado tão somente para o bem comum, mas que é dilapida­do inescrupulosamente por aque­les que deveriam ser os primeiros guardiões da ética e da justiça.

O referendo que os membros dos altos escalões querem estabe­lecer a respeito das reformas é uma ferramenta muito fraca; é o que popularmente se diz: gastar tempo e dinheiro, em vão. Mesmo que as reformas não fossem feitas a tempo de valer para as eleições de 2014, deveriam passar, pelo menos, por um plebiscito, com amplo debate popular. Deixar que o Congresso Nacional promova as reformas, po­demos concluir pelas experiências, é colocar a raposa para guardar o aviário.

Os movimentos sociais, os sin­dicatos, associações... deveriam se mobilizar e incentivar a continu­ação das manifestações nas ruas com esta bandeira: urgência de uma reforma política ampla e com a participação popular.

Creio que somente com uma reforma política bem conduzida e popular é que teremos os avan­ços necessários em outros setores essenciais da sociedade. É preciso continuar a luta por outro Brasil possível, isto é, com vida digna para todas as pessoas.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

O que você achou do corte do banho e da comida a moradores de rua?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Verde-amarelo em disputa e pautas "invertidas" marcam 7/9 antes de julgamento de Bolsonaro

SETE DE SETEMBRO

Verde-amarelo em disputa e pautas "invertidas" marcam 7/9 antes de julgamento de Bolsonaro

Malafaia usa Bíblia para transformar investigação em provação divina

Nos cultos

Malafaia usa Bíblia para transformar investigação em provação divina

Guerra no Congo e o silêncio da comunidade internacional diante de 10 milhões de mortes

CONFLITO INTERNACIONAL

Guerra no Congo e o silêncio da comunidade internacional diante de 10 milhões de mortes

Como lema da esquerda foi pego por bolsonaristas e virou mote no 7 de setembro

Anistia

Como lema da esquerda foi pego por bolsonaristas e virou mote no 7 de setembro

“Bolsonaro ainda é insubstituível”: antropóloga analisa os rumos da extrema direita

EXTREMA DIREITA

“Bolsonaro ainda é insubstituível”: antropóloga analisa os rumos da extrema direita



Colunistas

Pastora Paula carcou processo

JotaCê

Pastora Paula carcou processo

Câncer na infância

Coluna Esplanada

Câncer na infância

TCE/SC intensifica fiscalização de obras

Coluna Acontece SC

TCE/SC intensifica fiscalização de obras

Porquinhos-da-índia na restinga da Praia Brava em Itajaí

Charge do Dia

Porquinhos-da-índia na restinga da Praia Brava em Itajaí

Rolê na Europa

Coluna do Ton

Rolê na Europa




Blogs

TRE rejeita cassar prefeito de Penha e inelegibilidade do deputado Ivan Naatz

Blog do JC

TRE rejeita cassar prefeito de Penha e inelegibilidade do deputado Ivan Naatz

🌱 Desinflamação: o segredo para viver mais e melhor!

Espaço Saúde

🌱 Desinflamação: o segredo para viver mais e melhor!

Alimentação no setembro amarelo

Blog da Ale Françoise

Alimentação no setembro amarelo

Fashion week aqui

Blog da Jackie

Fashion week aqui



Podcasts

Floração de ipês cria espetáculo pelas ruas

Floração de ipês cria espetáculo pelas ruas

Publicado 11/09/2025 20:06





Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.