A Justiça da Comarca de Balneário Piçarras determinou que a empresa Beach Bowling Bar Ltda. deixe, obrigatoriamente até 12 de dezembro de 2025, às 23h59, o prédio histórico da Sociedade Amigos de Piçarras, a SAP, onde opera. A decisão, assinada pela juíza Cristina Paul Cunha Bogo nesta sexta-feira, dia 5, decorre do cumprimento de sentença solicitado pela Fundação Municipal de Cultura, que pretende assumir o espaço, localizado na avenida Emanoel Pinto, no centro.

O Beach Bowling tinha pedido extensão de 180 dias para a saída, alegando que o prazo anterior – 15 dias – seria insuficiente para desmontar as pistas de boliche, remover maquinários e transportar seu mobiliário. Também argumentou que o local é utilizado como residência pelo representante legal da empresa. 

A magistrada Cristina, porém, rejeitou o pedido, afirmando que a determinação de desocupação é conhecida pelo boliche desde julho. Caso a desocupação não ocorra voluntariamente no prazo, o processo ocorrerá de maneira compulsória, inclusive com reforço policial. 

O prefeito Tiago Baltt (MDB) acompanha a movimentação judicial pela posse do prédio há pelo menos cinco anos, por entender que o município necessita do imóvel para instalar o acervo da Fundação Municipal de Cultura, hoje armazenado no Centro Cultural Luiz Teles, na avenida Getúlio Vargas, também no centro. Esse espaço é alugado, e por solicitação do proprietário, deve ser devolvido até 26 de fevereiro próximo. 

“A princípio, vamos transferir a estrutura da fundação ao prédio da SAP, mas um atendimento em definitivo somente após uma avaliação das condições do prédio, ver da necessidade de reformas, buscar parcerias”, informou ao DIARINHO Iria Quintino, presidente da Fundação Cultural de Piçarras. “Não sabemos em que condição está o prédio, e por isso, precisamos de um tempo para projeto de revitalização e eventuais reformas”, acrescentou. 

Um pedaço da história 

Construído nos anos 50, a SAP foi palco de grandes eventos culturais ao longo dos 62 anos de Balneário Piçarras, os quais serão celebrados no próximo dia 14. “A ata de fundação da sociedade é de 1952”, enumera Iria. 

O setor cultural local também defende a posse definitiva do prédio histórico – e inclusive promoveu um abraço simbólico ao imóvel em 19 de janeiro deste ano. Para o presidente do Conselho de Políticas Culturais, Fabinho Henschel, a medida representa uma vitória coletiva.

“Esta decisão confirma o que sempre defendemos: o interesse público deve prevalecer. Não é um triunfo pessoal, nem de governo ou partido, mas da comunidade. A SAP reencontra sua vocação original: ser um espaço de acolhimento, criação e incentivo à cultura”, disse ao DIARINHO. 

A notícia também foi celebrada pelo ex-vereador Jaime Albano (MDB), que no mandato anterior, desencadeou ampla campanha visando recuperação de documentos antigos e autorizações de antigos sócios da SAP, todos favoráveis à municipalização do prédio histórico.