A árvore ficava na esquina da avenida Martin Luther com a rua Jamaica, no bairro das Nações. Segundo a prefeitura, o Corpo de Bombeiros esteve no local para conter as chamas e, pela manhã, a Defesa Civil foi acionada para avaliar a situação.
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Com cerca de 15 metros de altura, a espatódea não é uma espécie nativa e é conhecida pelo néctar tóxico que afeta abelhas e beija-flores. Por recomendação dos órgãos de segurança, ela goi condenada. Uma força-tarefa composta pela Defesa Civil, secretaria de Obras, agentes de trânsito e secretaria do Meio Ambiente (Semam) iniciou o processo de poda dos galhos que apresentavam risco.
A BC Trânsito interditou a rua Jamaica e uma das pistas da avenida Martin Luther durante o serviço de corte. O corte do tronco estava previsto para ser feito na noite de terça. “O incêndio comprometeu praticamente toda a parte interna da árvore e dá para a gente ver que o fogo foi até em cima. Isso está comprometendo a estrutura física. Apesar de não ter pego totalmente, já afetou a parte da condução de seiva, o que vai prejudicar a planta”, explica o engenheiro agrônomo da Semam, Haroldo José Alberge.
“Por se tratar de uma árvore de grande porte, localizada em via pública e que já apresentava algumas patologias, sua estrutura estaria comprometida. O incêndio agravou ainda mais essa condição, aumentando o grau de risco para a via, pedestres e veículos.
A prefeitura ainda não confirmou se irá registrar boletim de ocorrência sobre o incêndio. Também não foi confirmado se há câmeras de segurança próximas que possam ter flagrado a ação.
Espaço não será cedido para carros
O secretário da Casa Civil, Leandro Índio da Silva, reforça que, apesar do corte da árvore, a prefeitura não pretende abrir o canteiro para o alargamento da pista. “Por determinação da prefeita Juliana Pavan, a secretaria de Meio Ambiente deverá plantar no local, como forma de compensação, um ipê-amarelo adulto, que é a árvore símbolo de Balneário Camboriú”, adianta.
Lei determina troca de árvores exóticas por nativas em SC
A espatódea (spathodea campanulata), também conhecida como tulipeira-africana, é uma árvore exótica de origem africana, bastante comum em áreas urbanas do Brasil devido à beleza de suas flores alaranjadas ou avermelhadas, em formato de sino. Pode atingir até 25 metros de altura, tem crescimento rápido, copa densa e folhagem verde-escura.
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O especialista em árvores Heli Schlickmann, técnico agrícola e tecnólogo em Gestão Ambiental, explicou que a espatódea vem sendo motivo de debate há muitos anos no município de BC, desde a gestão do ex-prefeito Edson Periquito. “Havia, lá atrás, uma autorização de supressão por estar em local inapropriado, mas o prefeito à época não quis levar à frente o procedimento, por certamente gerar muita controvérsia. Mas, existem hoje leis, inclusive aqui em Santa Catarina, que trazem a obrigatoriedade de erradicação dessa espécie por causar grande prejuízo às abelhas. Já vem sendo seguido por órgãos públicos e privados a retirada e substituição dela”, opinou Heli.
A legislação que prevê a substituição da espatódea por espécies nativas é a lei 17.694, de 2019, sancionada pelo então governador Carlos Moisés. Ela proíbe o plantio da árvore em todo o estado. A lei ordinária 18.323, de 2022, acrescentou um artigo ao Código Estadual determinando que árvores da espécie removidas de locais públicos ou de áreas de arborização urbana devem ser substituídas por nativas.
Heli acredita que, com o incêndio, foi acertada a decisão de remoção. “Tecnicamente, antes do fogo era uma árvore importante, estava pelo aspecto visual boa. Mas a segurança mecânica (parasitas e partes podres) não é detectável a olhos nus, costumamos fazer tomografia eletrônica que detecta bem. O fogo a danificou e colocou em risco a segurança. E, partindo do pressuposto que já existe lei obrigando a retirada de todas as árvores dessa espécie, creio que foi acertada sua remoção”, finalizou.
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