A promotora Micaela Cristina Villain apresentou um conjunto de provas que indicam diversas condutas incompatíveis com a função pública. Entre os episódios apontados estão a falsificação de assinaturas de colegas para obter vantagens financeiras em viagens, a omissão diante de denúncias de violência física contra uma criança — que acabou acolhida institucionalmente — e o uso da estrutura do Conselho Tutelar para fins pessoais, ao intervir diretamente em situação envolvendo seu próprio filho na escola em que ele estuda. Também foram citadas publicações nas redes sociais com críticas ideológicas a instituições de ensino, vinculando sua imagem ao cargo público.
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Segundo o Ministério Público, as ações do conselheiro afastado ferem princípios constitucionais como legalidade, impessoalidade e moralidade, e comprometem a proteção integral dos direitos da criança e do adolescente.
A decisão judicial destacou que a permanência de Wendy no cargo representa risco à integridade física e psicológica das crianças e adolescentes atendidos pelo Conselho Tutelar. O afastamento imediato e a convocação de um suplente para garantir a continuidade dos atendimentos foram determinados.
O caso segue em tramitação e pode resultar na destituição definitiva do cargo, além de responsabilizações administrativas e criminais.
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Em vídeo postado nas redes sociais, Wendy rebateu as acusações, afirmou que ainda não foi notificado da decisão judicial e negou os crimes. “Fui surpreendido com a notícia. Não fui notificado pela Justiça ou Promotoria. Não chegou nada ainda no e-mail, não veio nenhum ofício para mim, mas está na mídia essa situação. Quero deixar claro para vocês, de ponto a ponto, tudo o que aconteceu. Não tenho problema quanto a críticas, e também quero aqui prestar esclarecimentos por causa de todos aqueles que me apoiam, que estão comigo e acabam precisando de uma resposta diante dessas situações”, disse.
Sobre a assinatura, ele negou a falsificação e explicou que estava em viagem oficial em Florianópolis quando um estagiário assinou em nome de outras conselheiras, sem sua autorização. Garantiu que o caso foi esclarecido internamente e junto ao MP.
Em relação à acusação de omissão num caso envolvendo uma criança agressiva na creche, afirmou que fez o atendimento, conversou com a mãe, encaminhou a criança a um psicólogo e pediu a transferência escolar. Disse também que foram feitas reuniões e relatórios formais, mas que não foi ouvido pelo MP na reunião sobre o caso.
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Quanto ao ofício em benefício do próprio filho enviado a uma escola de Itajaí, ele admitiu que utilizou o conselho para pedir esclarecimentos depois de o menino não ser autorizado a ir ao banheiro na escola. Wendy reconheceu que poderia ter solicitado que outro conselheiro fizesse o pedido, mas justificou que agiu como faria por qualquer criança da cidade.
Sobre as postagens ideológicas nas redes sociais, declarou que alterou o perfil pessoal para evitar vinculação direta ao cargo, mas reconheceu que publicou críticas a conteúdos de uma instituição de ensino, o que gerou processos por injúria e difamação.