Uma moradora do centro de Itajaí desistiu de pegar, de forma gratuita, um remédio de médio custo entregue pela Farmácia Municipal, na rua Manoel Vieira Garção, 54, no centro. O motivo da desistência são as longas filas para ter acesso aos medicamentos, além da falta de logística e de atendentes para prestar o serviço à população.
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M.T., de 65 anos, procurou o serviço por três dias para tentar pegar um colírio de glaucoma para a mãe dela, de 86 anos. O colírio custa R$ 90 e será de uso contínuo. “Fui três dias seguidos para ...
M.T., de 65 anos, procurou o serviço por três dias para tentar pegar um colírio de glaucoma para a mãe dela, de 86 anos. O colírio custa R$ 90 e será de uso contínuo. “Fui três dias seguidos para entregar esses papéis para minha mãe pegar colírio para glaucoma, mas tem que passar primeiro pela análise, preencher protocolo, eles precisam aceitar o papel, para somente depois ter acesso ao medicamento. Eu desisti de tantas pessoas que tinham esperando, todos os dias que procurei o serviço”, contou.
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Além da fila e da demora no atendimento, M. acredita que a logística dentro da farmácia municipal é mal organizada. No andar térreo, onde há vários atendentes e balcões, é feita a entrega dos remédios de custo baixo, como analgésicos, antitérmicos, antibióticos simples, entre outros. “Aqueles medicamentos que têm custo baixíssimo têm seis atendentes, você chega, é superbem atendida e o processo é rápido”, conta. Como não tem necessidade de nenhuma burocracia, basta apresentar a receita e sair com o remédio rapidinho.
No primeiro andar fica a entrega dos remédios de custo médio e alto. No local tem três atendentes prestando o serviço das 8h às 14h. O trâmite para a entrega desses remédios é mais demorado, porque primeiro tem que entregar os documentos solicitando a gratuidade, para somente depois receber o remédio. A autorização tem validade de seis meses e, após esse período, o procedimento precisa ser refeito. “Numa sala apertada, com apenas 10 bancos para as pessoas aguardarem sentadas. O restante fica em pé, pega uma senha e muitas das pessoas ficam na rua esperando porque não tem espaço para tanta gente lá em cima”, conta.
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Logística não funciona
Na visão da moradora, a prefeitura deveria rever a logística do serviço. “Na parte de baixo, onde tem mais atendentes e é mais organizado, deveria acontecer o atendimento do povo dos medicamentos complexos, porque cabe mais gente e tem mais atendentes. Na parte de cima, ficar os remédios simples que não precisa do procedimento para retirar o medicamento”, opina.
M. ainda reclama que as atendentes orientam os pacientes a chegar às 7h, uma hora antes da abertura da farmácia, para conseguir ser atendido com mais rapidez. M. seguiu a orientação, mas mesmo assim não conseguiu ser atendida. “Cheguei no horário que ela recomendou e tinha muita gente como sempre. Falta de noção, o povo chega às 7h, faz filas, espera o atendimento e nada acontece...”
Na última vez que esteve na farmácia, nesta quarta-feira, as atendentes tinham mudado a disposição das cadeiras para tentar melhorar a ocupação do espaço da sala, mas a mudança teve pouco efeito. “Eles não dão conta do atendimento mesmo...”, pontuou.
Desistiu do serviço
Apesar de precisar da gratuidade, M.T. desistiu do serviço. A mãe dela vai usar parte do curto dinheiro da aposentadoria para comprar o colírio, diante da ineficácia no atendimento da farmácia. “Eu fui três vezes e desisti. Tinha gente de tudo que é idade, pessoas doentes com criança, idosos esperando para serem atendidos. Muita gente ia embora ou ficava lá de duas a três horas. Eu acho isso um descaso! Já que eles vão dar o remédio, eles deviriam dar um pouco mais de dignidade e um atendimento mais ágil para as pessoas”, finalizou.
O DIARINHO fez contato com a prefeitura de Itajaí que irá se pronunciar sobre as filas e a demora no atendimento ainda na tarde desta quarta-feira.