Relatório da PF apurou que Bolsonaro foi peça-chave em plano golpista
Relatório da PF expõe planejamento de ações com a conivência do ex-presidente
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Documento inclui esboço de plano para barrar posse de Lula
(foto: reprodução)
Documento inclui esboço de plano para barrar posse de Lula
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O relatório da Polícia Federal (PF) concluiu que Jair Bolsonaro (PL) desempenhou papel “direto e efetivo” nos atos golpistas de 2022. O documento, de quase 900 páginas, detalha a tentativa de invalidar o processo eleitoral e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O conteúdo foi divulgado após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), remover o sigilo do inquérito.
A investigação aponta reuniões no Palácio da Alvorada, minutas de decretos golpistas e até planos de fuga para Bolsonaro como provas do esquema. Segundo a PF, o ex-presidente tinha ciência ...
A investigação aponta reuniões no Palácio da Alvorada, minutas de decretos golpistas e até planos de fuga para Bolsonaro como provas do esquema. Segundo a PF, o ex-presidente tinha ciência do chamado “Punhal Verde e Amarelo”, um plano que incluía sequestros ou assassinatos de figuras como o próprio Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. As ações seriam comunicadas diretamente a Bolsonaro por Mauro Cid, seu ajudante de ordens.
“Os elementos de prova obtidos demonstram de forma inequívoca que Jair Bolsonaro planejou, atuou e teve domínio direto dos atos realizados pela organização criminosa”, destaca o relatório. A polícia ainda afirmou que o golpe só não foi adiante por resistência das Forças Armadas.
Planejou até a fuga
Conforme o relatório, Bolsonaro deixou o país no fim de 2022 para evitar prisão e acompanhar à distância o desenrolar dos atos de 8 de janeiro de 2023. O então presidente viajou aos Estados Unidos e retornou ao Brasil apenas em março de 2023.
O relatório exalta a postura de comandantes como o general Freire Gomes, do Exército, e o brigadeiro Baptista Junior, da Aeronáutica, que rejeitaram participação golpista e sustentaram a defesa do Estado democrático. Em contraste, cita o almirante Almir Garnier como apoiador das ações golpistas, deixando tropas à disposição de Bolsonaro.
Radicalismo e ataques
A PF relacionou os ataques golpistas do dia 8 de janeiro e outros atentados, como o da explosão de uma bomba no STF por Francisco Wanderley Luiz, ao discurso radical alimentado no governo Bolsonaro. Tentativas de explosão no aeroporto de Brasília e invasões em sedes de instituições públicas também constam do relatório.
O texto menciona que o clima de “ataques sistemáticos” criou um ambiente de radicalismo propício à tentativa de golpe, com apoio velado de bolsonaristas.
Em Santa Catarina, o governador Jorginho Mello (PL) reafirmou solidariedade a Bolsonaro, enquanto o senador Jorge Seif Jr. defendeu o ex-presidente e desdenhou do inquérito.
Núcleos golpistas
A trama contava com seis núcleos operacionais, segundo a PF. Entre as descobertas, destaca-se um documento apreendido no gabinete de Walter Braga Netto, intitulado “Operação 142”, que previa barrar a posse de Lula.
Agora, cabe à Procuradoria-Geral da República decidir se Bolsonaro e os outros acusados serão denunciados ao STF pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.
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