Raquel de Souza Lopes se queixou nas redes sociais sobre o que passou no período que ficou na prisão
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Raquel foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão pelo STF
(foto: reprodução)
Santa Catarina tem quatro moradores já condenados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Entre eles está Raquel de Souza Lopes, de 52 anos, de Joinville, que foi condenada a 16 anos e seis meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ainda em outubro de 2023. Ela e outros condenados teriam fugido para a Argentina e há um pedido de extradição rolando no STF.
Em relato ao Bureau de Comunicação, compartilhado pela jornalista Fernanda Salles e perfis e sites de direita, a mulher, avó de duas meninas, falou do que teria passado na prisão após ...
Em relato ao Bureau de Comunicação, compartilhado pela jornalista Fernanda Salles e perfis e sites de direita, a mulher, avó de duas meninas, falou do que teria passado na prisão após ser detida numa ação do Exército na época dos ataques. “Já na delegacia avisei que tomo remédios controlados de uso contínuo (gabapentina, ritalina, entre outros) para um problema neurológico. Avisei também no presídio, mesmo assim não deixaram entrar a ritalina. A gabapentina entrou somente depois de três meses”, contou. Ela ainda disse ter passado muito mal e que não conseguia dormir por causa do problema neurológico e pela tortura emocional que teria enfrentado.
“Até hoje não consegui ainda voltar ao normal. Tive que abandonar o tratamento. Fui para uma ala com 172 patriotas, com um único vaso sanitário e que, ainda, estava entupido. Tivemos que fazer as nossas necessidades em sacos plásticos”.
Também haveria dificuldade com a falta de chuveiros – seriam só dois – gerando até quatro horas de fila pro banho. “Vi muitas pessoas passando mal na ala, algumas desmaiavam por desnutrição, outras por pressão alta, outras por problemas de saúde que não estavam sendo tratados”, completou.
Conforme a ação penal contra Raquel, o celular apreendido com ela tinha diversas fotos e filmagens dentro do Palácio do Planalto, comemorando a entrada no prédio, inclusive no gabinete presidencial. As imagens registravam a depredação e comemoravam o que a mulher achava ser a chegada das Forças Armadas pro golpe de Estado.
No mesmo julgamento, o STF condenou Gilberto Ackermann, corretor de seguros de Balneário Camboriú, preso dentro do Palácio do Planalto. A sentença foi de 16 anos e seis meses de prisão. O músico Ângelo Sotero de Lima, de Blumenau, foi o terceiro catarinense condenado, em novembro de 2023. As alegações das defesas foi que os atos não serviriam pra um golpe de Estado e que os acusados pretendiam um ato pacífico.
SC ainda teve a aposentada Maria de Fátima Mendonça Jacinto, a“Fátima de Tubarão”, 67 anos, condenada em agosto pelo STF a 17 anos de prisão. Segundo o processo, Fátima invadiu o STF, quebrou móveis e obras de arte. Ela está presa desde 27 de janeiro de 2023 em Criciúma. A defesa tentou reverter a condenação, mas este mês o ministro Alexandre de Moraes ordenou o cumprimento da pena e o encerramento da ação.
PF cita juiz catarinense na investigação do golpe
O relatório da investigação da PF sobre o plano golpista cita o juiz federal catarinense Sandro Nunes Vieira, vinculado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Natural de Fraiburgo, no oeste catarinense, Sandro trabalhou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 2019 e agosto de 2022, período no qual foi auxiliar da presidência da Corte em 2021, na gestão de Luís Roberto Barroso.
Segundo a PF, o juiz teria atuado de “forma ilegal e clandestina” em apoio ao PL na elaboração de um documento com acusações infundadas contra as urnas eletrônicas. O juiz não está entre os indiciados do inquérito do golpe, mas virou alvo de investigação pela corregedoria do TRF4, que pretende apurar os atos praticados pelo magistrado.
Na investigação da PF, há uma mensagem ao tenente-coronel Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro, pedindo que o nome de Sandro não fosse falado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, responsável por apresentar o documento que contestaria o resultado das eleições. O nome do juiz acabou sendo citado por Valdemar numa entrevista dias depois, em 19 de novembro de 2022.
“Porque eu conversei com um ex-diretor do TSE, que é um juiz de Direito, o Sandro, e ele me falou, ele estava lá até... até seis meses atrás... e ele me disse, é um homem honesto, tá ajudando a gente...”, disse. Na época, Sandro divulgou uma nota. “Venho esclarecer que nunca tive contato pessoal com o Presidente do Partido Liberal. Como juiz, não emito opiniões públicas ou juízos de valor sobre processos de conotação política”, contestava.
Núcleos do plano golpista
• Desinformação e ataques ao Sistema Eleitoral
• Incitamento a militares para aderirem ao golpe de Estado
• Núcleo jurídico
• Núcleo operacional de apoio às ações golpistas
• Inteligência Paralela
• Núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas
LISTA DOS INDICIADOS
1. Ailton Gonçalves Moraes Barros: ex-major do Exército e advogado. Foi um dos investigados por informações fraudulentas no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro.
2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva: coronel do Exército, também investigado por uma carta com teor golpista para que a Forças Armadas impedissem a posse de Lula.
3. Alexandre Ramagem: ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) e hoje deputado federal (PL-RJ).
4. Almir Garnier Santos: ex-comandante da Marinha de abril de 2021 a dezembro de 2022.
5. Amauri Feres Saad: advogado, apontado como coautor da minuta golpista pela CPMI do 8 de janeiro.
6. Anderson Lima de Moura: coronel do Exército, também investigado como um dos autores da carta que pressionava as Forças Armadas a entrarem no golpe.
7. Anderson Torres: delegado da Polícia Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. Era secretário de Segurança do DF na época dos ataques do 8 de janeiro.
8. Angelo Martins Denicoli: major da reserva do Exército, foi diretor do SUS na gestão do general Eduardo Pazuello como ministro da Saúde.
9. Augusto Heleno: general da reserva do Exército, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro.
10. Bernardo Romão Correa Netto: coronel do Exército, já investigado pela PF por atuar pela participação dos “kids pretos” na tentativa de golpe.
11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha: especialista em segurança da informação e fundador do instituto usado pra apontar supostas falhas das urnas eletrônicas.
12. Carlos Giovani Delevati Pasini: coronel da reserva do Exército, também investiga-do na elaboração da carta golpista que pressionava as Forças Armadas.
13. Cleverson Ney Magalhães: coronel do Exército, apontado como parte do núcleo operacional de apoio às ações golpistas e manutenção dos atos em frente aos quartéis.
14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira: general de Brigada do Exército. Ex-comandante militar da Amazônia e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres.
15. Fabrício Moreira de Bastos: ex-comandante do 52º Batalhão de Infantaria de Selva em Marabá (PA) e atual adido militar em Israel, teria participado da carta golpista.
16. Fernando Cerimedo: argentino, consultor de marketing político, que trabalhou na campanha de Javier Milei e foi acusado de ataques ao sistema eleitoral brasileiro.
17. Filipe Garcia Martins: assessor especial da Presidência da República do governo Bolsonaro. Já apontado pela PF pela entrega da “minuta do golpe” ao ex-presidente.
18. Giancarlo Gomes Rodrigues: subtenente do Exército, cedido à Abin.
19. Guilherme Marques de Almeida: tenente-coronel de Infantaria. Ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, de Goiânia (GO).
20. Hélio Ferreira Lima: tenente-coronel, um dos presos por envolvimento no plano pra matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
21. Jair Bolsonaro: ex-presidente da República (2019-2022), está inelegível até 2030 por denúncias sem provas contra as urnas eletrônicas.
22. José Eduardo de Oliveira e Silva: padre da Diocese de Osasco (SP), já investigado por envolvimento na elaboração de decretos pra justificar um golpe de Estado.
23. Laércio Vergilio: general da reserva do Exército, é investigado pela PF por suposta participação no plano para prender o ministro Alexandre de Moraes.
24. Marcelo Bormevet: agente da PF cedido à Abin no governo Bolsonaro.
25. Marcelo Costa Câmara: coronel do Exército, foi assessor especial no gabinete pessoal de Jair Bolsonaro. Já teve preso por ataques ao sistema eleitoral.
26. Mario Fernandes: general da reserva, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, metido no plano Punhal Verde e Amarelo.
27. Mauro Cid: tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Investigado em vários inquéritos, fez acordo de delação premiada, mantido em sigilo
28. Nilton Diniz Rodrigues: general do Exército, ex-comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira.
29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho: neto de João Figueiredo, o último general presidente na ditadura militar. Já indiciado por espalhar fake news golpistas.
30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira: general do Exército, ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército.
31. Rafael Martins de Oliveira: tenente-coronel do Exército, é um “kid preto”, preso na investigação sobre suposto plano de assassinar Lula.
32. Ronald Ferreira de Araujo Júnior: tenente-coronel do Exército, já investigado por participação na elaboração da minuta golpista.
33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros: tenente-coronel do Exército, teria integrado o núcleo que fazia ataques ao sistema eleitoral.
34. Tércio Arnaud Tomaz: ex-assessor especial da Presidência da República no governo Bolsonaro, apontado como líder do chamado “gabinete do ódio”.
35. Valdemar Costa Neto: ex-deputado federal, presidente nacional do PL.
36. Walter Souza Braga Netto: general da reserva, foi candidato a vice-presidente em 2022 na chapa com Bolsonaro, ex-ministro-chefe da Casa Civil e ex-ministro da Defesa.
37. Wladimir Matos Soares: policial federal, preso por suposta participação no plano para assassinar o presidente Lula.
Dando seu ok, você está de acordo com a nossa Política de Privacidade e com o uso dos cookies que nos permitem melhorar nossos serviços e recomendar conteúdos do seu interesse.