Moradores e protetores de animais de Balneário Camboriú farão uma manifestação neste sábado, dia 30, às 17h, na praça Almirante Tamandaré, no centro de BC, pedindo justiça pela morte do cão comunitário Thor. O vira-lata foi morto com um tiro na cabeça que teria sido disparado por um policial rodoviário federal no dia 15 de novembro, na rua Boa Vista, no bairro Nova Esperança.
A crueldade foi na frente de crianças que são da família que cuidava do cãozinho. Imagens de câmeras de segurança mostram o homem, que mora no bairro e costuma fazer corridas noturnas, ...
A crueldade foi na frente de crianças que são da família que cuidava do cãozinho. Imagens de câmeras de segurança mostram o homem, que mora no bairro e costuma fazer corridas noturnas, indo em algum lugar pegar a arma e voltando pra matar o cãozinho na rua. O motivo seria que Thor teria mordido o homem enquanto corria, embora o cachorro fosse conhecido por ser manso e amigável com todos, inclusive com as crianças.
“Ele alega que passou e o cachorro mordeu, mas isso ninguém viu em momento nenhum e não pegou nas câmeras nada”, conta a protetora Patrícia Ferreira, da ONG Viva Bicho, que está divulgando a causa e cobrando a prisão do atirador. Depois do suposto ataque do cão, o homem reaparece armado e teria chamado o cachorro, que estava no pátio da casa das crianças, pra rua.
“Quando o cachorro saiu, ele atirou”, diz a protetora. O crime revoltou a comunidade, que chamou a Polícia Militar. Por pressão dos moradores, os policiais fizeram buscas, mas não localizaram o matador de cachorro após o crime. Como não houve flagrante, o caso agora está a cargo da Polícia Civil, que poderá pedir a prisão do atirador, já identificado.
A 3ª delegacia de BC abriu um inquérito pra investigar o caso. As imagens seriam usadas para apurar e confirmar se a pessoa nas câmeras é o mesmo autor do disparo. No dia seguinte ao crime, imagens mostram o homem indo nos comércios. Ele teria intimidado as pessoas a não divulgar as filmagens pra investigação e ameaçado moradores a não denunciar o caso nas redes sociais. Conforme a Viva Bicho, o autor do crime foi identificado como L.C.L.B.M. Ele fazia sua corrida noturna e por diversas vezes passava na rua que Thor ficava e teria mudado o perfil no Instagram após a repercussão da morte.
Animal era cuidado por aposentada e suas netinhas
A aposentada Teresinha Eredi da Silva, 63 anos, é a moradora que cuidava de Thor e cujas netas, de seis e sete anos, estão traumatizadas pela morte do cachorro. A senhorinha já vinha pedindo ajuda pra adoção do animal na internet, e relata que o dog tinha sofrido ameaça. Segundo ela, o cão não era bravo. “Se alguém corria, ele ia atrás mas, pelo que sei, isso é normal”, disse.
Teresinha lembra que o cãozinho era companheiro, seguindo-a quando ia pro mercado, pra farmácia e quando levava as netas à escola, onde o cão ficava esperando até as meninas saírem. Em casa, ele costumava dormir no sofá da va-randa e era mimado pela neta mais nova.
“Agora deixa um vazio e o medo da impunidade desse monstro que sequer se preocupou com duas pequenas vendo ele atirar na cabeça do ‘amiguinho’, como elas [as netas] diziam”, relatou. A relação com a família era tão grande que a moradora apelidou Thor de “Meu marido Oscar”. “Porque ele sabia a hora de eu ir trabalhar e a hora de chegar. Várias vezes ele embarcou no ônibus comigo. Eu tinha que descer pra ele descer. Isso é ser bravo, isso é ser mau?”, questiona. A esperança de Teresinha é que o matador seja punido. Ela está divulgando a manifestação com postagens de apelo por justiça. “Espero justiça pelo Thor e por minha pequena que tá muito traumatizada. Ele fez o crime na frente dela, então pensa num impacto que tá na vida das meninas. A de sete anos tá muito abalada, não dorme, tem medo de tudo...”, conta.
Teresinha diz que não ficaria com o dog porque o dono da casa onde mora não permite pets de grande porte. Ela vive com a netas, que estão sob a guarda da avó desde que nasceram. “Esse cachorro já nos acompanhava há quatro meses. Nós dávamos carinho, nós o alimentávamos, eu e minhas netas. Hoje, pra elas, é um vazio porque esse cachorro cuidava delas”, lamenta.