Moradores do condomínio Renoir, na esquina da avenida Atlântica com a rua 3500, no centro de Balneário Camboriú, estão indignados com uma poda agressiva feita numa amendoeira de cerca de 70 anos que fica no passeio público em frente ao prédio. Todos os galhos da árvore foram decepados, restando somente o tronco.
Uma moradora contou que a árvore foi plantada pela senhora Julieta Rebelo, esposa do advogado blumenauense Arão Rebelo, que tinha a carteira número 1 da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa ...
Uma moradora contou que a árvore foi plantada pela senhora Julieta Rebelo, esposa do advogado blumenauense Arão Rebelo, que tinha a carteira número 1 da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina. “A casa da esquina era deles. A árvore foi plantada entre 1951 e 1952, quando a filha do casal tinha cerca de sete anos. É uma barbaridade o que fizeram!”, lamentou.
Outro morador ainda relatou que essa não é a primeira árvore mutilada durante uma poda na avenida Atlântica. “Em vez de preservar o pouco que resta para fazer sombra e baixar a temperatura... Mas paciência, o importante é construir prédios ”, criticou.
Heli Schlickmann, técnico agrícola e tecnólogo em Gestão Ambiental, informou que uma poda drástica pode custar a vida da árvore. “Esse tipo de intervenção é danosa para essa espécie. A lei municipal 4868, de 20 de março de 2024, proíbe terminantemente esse tipo de poda. Ela pode levar a árvore à morte”, explicou.
Balneário Camboriú possui um Plano Municipal de Arborização Urbana. O documento inclui um manual da Secretaria de Meio Ambiente com todas as diretrizes sobre o que pode e o que não pode ser feito ao podar uma árvore.
Heli ressaltou que, quando a secretaria autoriza a poda dessas amendoeiras, há condicionantes expressas na licença. “É proibido terminantemente a poda drástica, e isso pode resultar até em multa. A empresa que faz esse serviço pode ser proibida de atuar, pois, ao contrário de outras cidades, Balneário Camboriú permite que empresas particulares ou profissionais habilitados façam a poda, desde que sigam corretamente o parecer emitido”, explica.
O estado da árvore após a poda deve ser apresentado em um relatório à secretaria. “Eles devem apresentar como ficou a poda. Se o profissional ou a empresa que realizou o trabalho apresentar esse relatório, possivelmente será convocado à Secretaria do Meio Ambiente para explicar o motivo de ter realizado o trabalho de forma diversa do parecer”, concluiu.
O especialista ainda explicou que, com a nova brotação, a árvore terá sua arquitetura completamente descaracterizada. “Se houver uma brotação muito intensa, os ramos ficarão frágeis, pois haverá um crescimento vigoroso e a planta nunca mais terá sua arquitetura original. Dependendo da época, como agora, que é um período de muita atividade, gastando muita energia e água, ela pode se exaurir e morrer”, completou.
Poda radical foi da secretaria de Obras
A poda que mutilou a amendoeira da esquina da avenida Atlântica com a rua 3500, no centro de BC, foi feita pelo setor de Paisagismo da secretaria de Obras de Balneário Camboriú. “As árvores estavam muito inclinadas e com risco de tombar devido ao peso em um só lado, por isso decidiram realizar essa poda drástica para reestruturar e equilibrar a copa da árvore. A Celesc realiza uma poda completamente inadequada, comprometendo a estabilidade da árvore. Desta vez, optaram por uma poda mais radical para tentar formar uma nova copa que não prejudique a fiação e que não fique torta como estava”, explicou a secretária Maria Heloísa Furtado Lenzi.
Segundo a secretária, a responsabilidade é da secretaria de Obras. “Eles têm autorização para esse tipo de poda em área pública. O grande problema é que a Celesc realiza cortes inadequados, gerando problemas que afetam a calçada, pois a árvore acaba pendendo para um lado, e, em casos de chuva forte, pode até ocorrer a queda da árvore”, justificou.