COMPLEXO COMUNITÁRIO
Antigo presídio feminino vai virar centro de artes
Área no Matadouro abrigará novo Cras, centro de cultura, salas para oficinas e espaço para eventos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Após quase três anos de abandono, a estrutura do antigo presídio feminino de Itajaí, no bairro Nossa Senhora das Graças, conhecido como Matadouro, está com o futuro definido. O imóvel foi doado pelo governo estadual ao município, que projeta transformar o local num centro de artes, educação e serviços.
O terreno soma 5,6 mil metros quadrados, onde ainda estão as antigas instalações do presídio, entre galerias de celas, parlatório, cozinha e prédio administrativo. As edificações serão demolidas para as obras do novo projeto. A prefeitura aguarda a autorização da cessão do imóvel pela Assembleia Legislativa para fazer a licitação.
O governo do estado faz ajustes na redação do projeto de lei para entregar a proposta para votação. Já o projeto executivo da obra está em fase final de elaboração pela Univali e deve ser entregue ainda em junho. A partir daí, e com o aval da Alesc, a prefeitura pode elaborar o termo de referência do edital.
Um ano de obras
De acordo com o coordenador do Planejamento Estratégico do Município de Itajaí (Pemi 2040), Alcides Volpato, a expectativa é de que as obras possam ser iniciadas ainda neste ano, com 12 meses de execução. Ele destaca que o investimento será bancado pela própria prefeitura.
O acerto para uma destinação da área vinha sendo discutido antes mesmo do presídio ser desativado, em novembro de 2019. O governo não tinha planos para o local e negociava o repasse para fins sociais. Desde o fechamento da unidade prisional, transferida para o complexo da Canhanduba, a estrutura está abandonada.
O antigo presídio já tinha condições precárias quando estava em funcionamento e chegou a sofrer um incêndio meses antes da transferência das detentas. Na ocasião, a justiça cobrava medidas do estado para o local.
Mais serviços à comunidade
A área vai receber um complexo de serviços municipais, se transformando num centro de artes, cultura e educação. O projeto prevê salas para atividades culturais, escola de música e escola de artes. Outros dois espaços vão abrigar sala de educação e oficinas de informática e internet.
Junto à estrutura, também será construído o novo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Nossa Senhora das Graças. O serviço funciona hoje na rua Brusque e será levado para dentro da comunidade. Outro conjunto de salas deverá ser usado por órgãos municipais, com serviços nas áreas de segurança, esportes e saúde.
As instalações vão circundar um espaço aberto central, que poderá ser usado para reuniões comunitárias, apresentações e eventos ao ar livre. O coordenador do Pemi ressalta que a estrutura foi elaborada em consenso com lideranças do bairro. “Nós vamos transformar aquele local, que hoje é assombroso, num ambiente social e participativo da comunidade”, comentou Alcides.
Os vizinhos apoiaram a proposta de uso cultural do espaço. O comerciante Gilberto Bernardes, 39 anos, conta que havia preocupação de que o local fosse transformado num galpão de reciclagem. Essa informação circulava no bairro e já enfrentava contrariedade dos moradores que temiam que os materiais recicláveis atraíssem bichos na vizinhança.
Gilberto comenta que hoje as famílias precisam sair da comunidade para acessar os serviços de saúde e assistência social. Na parte de cultura, já há oficinas de música mas que são feitas numa sala pequena. “O uso [do antigo presídio] para um projeto social é o mais indicado. Seria bom para gente porque a comunidade precisa”, avalia.
Outra reivindicação dos vizinhos é melhorar o acesso do bairro, organizando os materiais de catadores, além da realização de rondas da Guarda Municipal e da abordagem social.
Nova praça e projeto habitacional
O projeto vai complementar a revitalização na comunidade com as obras da nova praça, em andamento na entrada do bairro. O local vai abrigar um centro comunitário, parque infantil, quadra de esportes e academia ao ar livre, além de novas drenagem, calçamento e iluminação. A previsão é de entrega até o fim do ano.
Em outra frente de trabalho, o município busca viabilizar por meio de parceria público-privada um projeto habitacional com 400 moradias para famílias de baixa renda. A ideia é atender prioritariamente moradores da própria comunidade, num residencial que ficaria em um terreno do município ao lado do bairro. Ainda será lançada uma consulta pública sobre a proposta.