Educação

Criação da Univali transformou Itajaí em polo de desenvolvimento regional

Advogado Sydney Schead participou do processo de fundação da então faculdade

 Todos os dias Sydney observa com orgulho a  transformação da cidade de sua varanda (FOTO: RENATA ROSA)
Todos os dias Sydney observa com orgulho a transformação da cidade de sua varanda (FOTO: RENATA ROSA)
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Quem passou a morar em Itajaí recentemente, motivado pela geração de empregos e qualidade de vida, não imagina como era a cidade há 50 anos. Após o fim do ciclo da madeira e com o setor pesqueiro em crise, era urgente a necessidade de diversificação. Uma das principais alavancas do desenvolvimento  foi a implementação do ensino superior, que formou profissionais de diversas áreas para atender à população crescente e setores em expansão. O advogado Sydney Schead dos Santos, de 76 anos, não só testemunhou esta transformação como participou da criação do campus universitário da Univali.
“Na época, eu escrevia uma coluna no jornal e costumava criticar a demora em expandir o ensino superior porque a demanda era muito grande. Quem quisesse continuar os estudos precisava morar na capital ou em outro estado, assim como quem precisasse de serviços especializados por causa da falta de profissionais”, relata Sydney.
De tanto bater nessa tecla, ele foi chamado pelo diretor da Fepevi (Fundação de Ensino do Polo Geoducacional do Vale do Itajaí) para um almoço no lendário restaurante Beira-Saco. A Fepevi havia sido criada em 1970, mas não tinha sede própria: a parte administrativa funcionava na rua João Bauer e as aulas, em salas emprestadas na escola Nilton Kucker e no Salesiano. Durante o almoço, ele ficou a par das articulações políticas de bastidores e recebeu uma proposta: coordenar os trabalhos de construção dos dois primeiros blocos da Fepevi.
O ano era 1976 e Sydney trabalhava como assessor do prefeito Frederico Olírio de Souza. Ele havia desistido do magistério porque, mesmo trabalhando em três escolas, não conseguia sustentar a família. Então, começou a cursar Direito à noite. Nessa época, o presidente da Fepevi era o médico Edson Vilela, considerado por Sydney um visionário. “No começo, a função de presidente não era remunerada, mas ele era de uma família de posses e gostava do magistério”, recorda. O advogado conta que Vilela não desanimava diante dos obstáculos burocráticos.“Ele estipulava prazos para que as coisas acontecessem. Como era muito bem articulado, viajava constantemente a Brasília para conseguir recursos”, relata.
Nesta época, o governador era Antônio Carlos Konder Reis, que mexeu os pauzinhos para conseguir o terreno do campus, que era do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. No início dos anos 1980, foram criadas as faculdades de Administração, Contabilidade, Psicologia e Enfermagem. A escolha dos cursos não era aleatória. “Na área de biológicas, Vilela fez questão de criar cursos que dessem suporte à futura faculdade de Medicina”, narra. Em 1983, foram construídos o teatro e a biblioteca, ainda com um acervo modesto. “Como nossas estantes não eram cheias, pegávamos livros emprestados para causar boa impressão ao grupo do conselho nacional de educação, que era bem rigoroso”, admite.

Universidade nasceu em 1989
O sonho de uma universidade em Itajaí só se tornou realidade em 14 de fevereiro de 1989, após três anos de trabalho do grupo liderado pela professora Rosa de Lourdes. Depois de aprovado o parecer, foi estipulado um prazo de quatro anos para implementar a Universidade do Vale do Itajaí. A partir daí, o processo deslanchou. Nos anos 1990, foram abertas faculdades de referência nacional, como Oceanografia, além dos primeiros mestrados em Ciências Jurídicas e Turismo e Hotelaria. A Univali ultrapassou fronteiras em 1990 com a criação dos campi de Balneário Camboriú e mudou a história da educação de Itajaí ao ainda hoje ser considerada a mulher universidade privada de Santa Catarina.
Do alto de seu apartamento com vista para o molhe, na Beira-Rio, Sydney acompanha encantado o que Itajaí se tornou após décadas de trabalho incansável. Aposentado desde 2008, hoje ele se dedica a projetos pessoais como o livro sobre a maçonaria em Itajaí em parceria com o jornalista Magru Floriano. A próxima empreitada é resgatar a história do tio sírio-libanês campeão de xadrez. Os avós de Sydney chegaram ao Brasil em 1843.

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