Condenado a sete anos de prisão domiciliar por filmar e divulgar as relações sexuais com uma aluna adolescente, o professor e vereador José Acácio da Rocha (PSDB), 45 anos, pediu ontem afastamento da câmara de vereadores de Itajaí. Pelo documento apresentado à mesa diretora, a licença será de 31 dias. O vereador atendeu pedido da direção do PSDB, que se reuniu para tratar do assunto, divulgado com exclusividade pelo DIARINHO. A decisão da comissão foi recomendar que o vereador se afaste das atividades partidárias e se licencie da câmara. O objetivo, diz Cícero Zucco, presidente do PSDB de Itajaí, foi mostrar que o partido é diferente. “A gente não quis se igualar aos demais partidos, de vereadores que foram presos, condenados e o partido se omitiu”, explicou. No entanto, segundo ele, a ideia não é fazer um “julgamento sumário” de Acácio. “Recomendamos o afastamento do mandato, para que cuide da defesa dele e nos informasse, efetivamente, do que se trata o processo”, completou. Acácio não atendeu ontem aos celulares, mas a assessoria tanto do parlamentar quanto da câmara confirmaram o envio e o recebimento do documento em que o vereador informa que está se afastando.“Se fosse só 30 dias, a câmara não chamaria o suplente e aí, pra que não ficasse um lugar vago, sugerimos a ele 31 dias”, explicou Cícero. Quem assumirá no lugar de Acácio será o empresário Roberto Rivelino da Cunha, o Beto, do PSDB de Itajaí. Comissão de ética O advogado Ronaldo Camargo Souza, procurador-geral da câmara de Vereadores, disse ontem que a casa ainda não conhece o processo que resultou na condenação de Acácio. “Ainda não tive acesso ao teor da sentença para poder dizer se o caso tem implicação ou não no mandato”, afirma. Em regra geral, de acordo com o procurador, se a condenação for confirmada pelo Tribunal de Justiça, Acácio terá problemas em relação a uma intenção de reeleição. “Se o recurso que o vereador impetrar for contrário a ele, impossibilitaria uma nova eleição, pois ele cai na lei da ficha limpa”, explica. Além disso, disse ainda, há a possibilidade de Acácio responder a um processo da comissão de ética da Câmara. “A comissão de ética vai ver se o caso em questão tem relação com a atividade legislativa, se foi em virtude dela ou foi algo particular dele que não tem relação”, explica o procurador. Para isso, alguém teria que enviar um pedido para a mesa diretora, por escrito, fundamentando as razões do por que o vereador deveria ser investigado. Caso isso aconteça, o relatório da comissão seria debatido em plenário e Acácio, se for considerado culpado, poderia ter o mandato cassado. Vereador se explica nas redes sociais O vereador José Acácio da Rocha não foi encontrado ontem para comentar o pedido de afastamento. Mas, pelas redes sociais, lançou uma nota de esclarecimento. Clicando aqui, você confere mais detalhes do caso, inclusive a entrevista com a adolescente que foi vítima do professor e vereador. Veja a nota de Acácio na íntegra: “Sempre me pautei na vida pessoal e profissional pela personalidade forte e principalmente por assumir minhas responsabilidades, razão que me levou a chegar aonde cheguei. Assim, desde que fui confrontado com o que ocorreu, mantive a verdade tanto na via judicial como extra judicial, ou seja, era alguém solteiro e namorava uma adolescente com o consentimento dos pais em uma relação pública. Quanto a intimidade dos fatos mencionados, diz respeito tão somente aos envolvidos, e hoje, passado tanto tempo do ocorrido jamais os repetiria, visto que sou um pai de família e sempre se aprende com as experiências. Um detalhe bem importante e que tem de ser considerado, é que á época, todos estes fatos foram resolvidos entre as partes e apenas ganharam esse viés quando me tornei uma pessoa politicamente forte e atuante. Tenho 27 anos de relevantes serviços prestados no magistério e quem me conhece, verdadeiramente sabe do meu valor. Já estamos também nos cercando das medidas necessárias para a devida apuração quanto ao vazamento dessas informações, que segundo a lei, devem correr em segredo de justiça. É esse o preço a ser pago quando não cedemos a chantagens e quando nos mantemos firmes naquilo que acreditamos. Seguimos em frente, confiando em Deus e a disposição da comunidade para quaisquer esclarecimentos. Vamos recorrer sim da decisão tomada neste primeiro momento, na certeza que verdade prevalecerá e a justiça, será de fato, feita.”