Vontade [lat. “vollo”, querer], de um lado, diz respeito a como o intelecto absorve, por meio da cognição [capacidade humana de perceber, interpretar], o mundo que nos rodeia. Aqui se retrata o que é aprazível, válido, o que é selecionado para confirmar o que nos coloca como corretos, dominadores, quase-perfeitos. O que se recebe do mundo é recebido segundo vontades do recipiente. A Vontade surge como apetite, como fenômeno interior, costurada pela posição social e política do mundo no qual o indivíduo vive.
Vontade é fenômeno da existência humana, algo que não pode deixar de ser, necessidade natural [lat. “nec esse”, “ne cedere”, algo que não pode ser evitado]. Pode ter origem em algo externo [coação, agressividade ou violência]. Vontade se difere de querer e desejar. Desejar diz respeito a uma representação vaga, enquanto querer consiste em associar o desejo a possibilidade de realização. Podemos até desejar uma viagem ao interior do sol, mas dificilmente a quereríamos. Querer está prevenido de potencialidades, conveniências, capacidades, condições psicológicas, sociais, políticas, materiais.
Vontade não é algo considerado como originário da consciência, da vida consciente. Embora seu impulso seja interno ao humano, sua promoção se mistura com valores sociais, formação psicológica e interação com os problemas que o indivíduo enfrenta em sua trajetória.
Em Filosofia e Ciência, por meio de teorias e recursos metodológicos, tentamos afastar as vontades, quereres e desejos da interpretação, explicação e compreensão dos fenômenos sociais ...
Vontade é fenômeno da existência humana, algo que não pode deixar de ser, necessidade natural [lat. “nec esse”, “ne cedere”, algo que não pode ser evitado]. Pode ter origem em algo externo [coação, agressividade ou violência]. Vontade se difere de querer e desejar. Desejar diz respeito a uma representação vaga, enquanto querer consiste em associar o desejo a possibilidade de realização. Podemos até desejar uma viagem ao interior do sol, mas dificilmente a quereríamos. Querer está prevenido de potencialidades, conveniências, capacidades, condições psicológicas, sociais, políticas, materiais.
Vontade não é algo considerado como originário da consciência, da vida consciente. Embora seu impulso seja interno ao humano, sua promoção se mistura com valores sociais, formação psicológica e interação com os problemas que o indivíduo enfrenta em sua trajetória.
Em Filosofia e Ciência, por meio de teorias e recursos metodológicos, tentamos afastar as vontades, quereres e desejos da interpretação, explicação e compreensão dos fenômenos sociais e políticos. Max Weber se destaca ao elaborar os “Tipos Ideais” como recursos teórico-metodológicos que se fundamentam em muitas fontes. Uma delas é que a razão e a racionalidade são limitadas, fato pelo qual não conseguimos atingir “verdades essenciais”. No máximo podemos alcançar consensos provisórios. Outra é que os “Tipos Ideais” têm o potencial de nos afastar dos desejos e dos quereres e das vontades individuais e nos obriga à busca de conciliações teóricas e práticas – inspiração do Parlamentarismo. Por não termos as verdades alcançadas, sempre precisaremos ouvir os críticos, passo essencial para o nosso próprio desenvolvimento. O que conseguimos é afirmar que o que falamos sobre a realidade não se confunde com a realidade em si, mas é capaz de proporcionar consensos teóricos sobre valores políticos e práticas sociais no conjunto, frenéticos de diferentes posições. Como abstrações, os “Tidos Ideais” se afastam de nossa vontade [fenômeno de origem interna].
A humanidade se propõe a alcançar consensos [desejar a paz e querer sua efetivação], mesmo que tal objetivo seja antecedido pela agressividade e violência. Muitas vezes os ritos de operação do cotidiano nos promovem aos objetivos de concórdia possível. Essa vontade se faz ao se conseguir afastar as vontades pessoais para lastros de ajustes sociais e políticos.
O caso do julgamento do ex-Presidente Jair Bolsonaro e seu grupo é parte desses ritos. A angústia de se decidir é etapa executada. Agora se processarão os limites de legitimação institucional que poderá se converter [ao menos parcialmente] em legitimação social e política. Ao fim, o período será transposto pelas condições de eleição presidencial [rito que acentuará parte das vontades, dos quereres e dos desejos]. Não que haverá conformismos pelos resultados que se estabeleceram, mas os resultados estabelecidos deverão formar novos parâmetros de agir social e político.
Na vida há ciclos, mesmo impulsionados pela agressividade e violência, que também apresentam seus limites de existência. Ninguém as suporta por muito tempo. Só os idiotas nascem prontos!