Colunas


Ideal Mente

Ideal Mente

CRP SC 19625 | Contato: (47) 99190.6989 | Instagram: @vanessatonnet

Quando o amor adoece: a violência contra a mulher e as marcas invisíveis


Quando o amor adoece: a violência contra a mulher e as marcas invisíveis

Na última semana, mais um caso brutal chocou o país: uma jovem quase perdeu a vida após ser agredida com 61 socos pelo próprio namorado. A violência só veio à tona porque o espancamento foi registrado pelas câmeras de um elevador. O agressor foi preso e alegou um “surto”. A vítima, além das fraturas no rosto, agora precisa lidar com um trauma que não aparece nas imagens: o psicológico.

Infelizmente, histórias como essa não são exceções. No Brasil, uma mulher é vítima de agressão física a cada 4 minutos, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. E a maioria dessas agressões acontece dentro de casa, cometida por parceiros ou ex-parceiros, pessoas que, em algum momento, disseram amar.

Como psicóloga clínica, é impossível não pensar nas cicatrizes emocionais que esse tipo de violência deixa. A dor física pode ser tratada com cirurgias e medicamentos. Mas e as feridas da alma? A autoestima despedaçada, o medo constante, a culpa injustamente internalizada, o sentimento de vergonha e isolamento. Esses sintomas, muitas vezes, evoluem para quadros de ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e, em alguns casos, até ideação suicida.

É essencial lembrar que violência não começa com o tapa. Começa com o controle, com a desvalorização disfarçada de “preocupação”, com o isolamento da vítima dos amigos, da família, da própria identidade. O ciclo da violência é sutil no começo e quando a mulher percebe, muitas vezes já está emocionalmente refém, com sua saúde mental profundamente abalada.

A psicologia tem um papel fundamental tanto na prevenção quanto no cuidado com essas vítimas. Acolher, escutar sem julgamento, fortalecer a autonomia e a autoconfiança da mulher são passos importantes para sua reconstrução emocional. Mas o trabalho não é apenas clínico. É também social, educacional e político.

É urgente que toda a sociedade e o judiciário se envolvam nessas causas. Não basta apenas apontar o dedo quando um caso ganha repercussão. Precisamos cultivar empatia, desconstruir comportamentos abusivos que ainda são naturalizados e fortalecer políticas públicas que garantam proteção e apoio psicológico às vítimas. A rede de enfrentamento à violência começa nas conversas em casa, nas escolas, nos consultórios, nas delegacias, e se estende até os espaços de poder.

Falar sobre saúde mental é também falar sobre segurança, dignidade e direitos humanos. Precisamos garantir que toda mulher saiba que não está sozinha, que existem redes de apoio, serviços especializados, e que procurar ajuda é um ato de coragem, não de fraqueza.

Que o caso, a dor dessa jovem e de tantas outras não seja apenas mais uma estatística. Que possamos transformar indignação em ação. E que, um dia, possamos viver em uma sociedade onde o amor não machuca, não controla, não mata. Cuide da sua saúde mental. E, se você está vivendo algo parecido, procure ajuda. Sempre há uma saída.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

A Câmara de Itajaí deve ter mais vereadores?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

STF rejeita marco temporal, mas lei segue com riscos a direitos indígenas

Vitória parcial

STF rejeita marco temporal, mas lei segue com riscos a direitos indígenas

Júlio Lancellotti é calado nas redes enquanto padres conservadores discursam para milhões

IGREJA CATÓLICA

Júlio Lancellotti é calado nas redes enquanto padres conservadores discursam para milhões

Governo consegue aprovar Plano Clima após diluir responsabilidade do agro

PLANO CLIMA

Governo consegue aprovar Plano Clima após diluir responsabilidade do agro

Três meses após sanção da Lei Felca pais não sabem proteger filhos na web

Controle parental

Três meses após sanção da Lei Felca pais não sabem proteger filhos na web

Empresas de festas visam adolescentes e marketing predatório aposta até em porta de escola

NA PORTA DA ESCOLA

Empresas de festas visam adolescentes e marketing predatório aposta até em porta de escola



Colunistas

TCE/SC define prazo sobre emendas parlamentares

Coluna Acontece SC

TCE/SC define prazo sobre emendas parlamentares

Cheiro insuportável em Cordeiros

Charge do Dia

Cheiro insuportável em Cordeiros

Natureza abundante

Clique diário

Natureza abundante

Coluna Esplanada

Tristeza.jus

Coluna Exitus na Política

Mesmo que não seja muito, nós queremos mais




Blogs

Câmara em destaque

Blog do Magru

Câmara em destaque

Galego papai sabe-tudo pode ser estadual

Blog do JC

Galego papai sabe-tudo pode ser estadual

Tem falta de testosterona!?

Blog da Ale Françoise

Tem falta de testosterona!?

A demagogia do “cuidado” e o medo disfarçado de virtude

Espaço Saúde

A demagogia do “cuidado” e o medo disfarçado de virtude

O frescor da noite e o calor da vida: Um haicai sobre o milagre do nascimento

VersoLuz

O frescor da noite e o calor da vida: Um haicai sobre o milagre do nascimento






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.