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A linguagem como comunicação política


A linguagem como comunicação política

As formas de linguagem são condições extremamente importantes para interpretação e compreensão dos indivíduos e da vida social. A linguagem é expressão de força e poder e seus condutos são estruturas de personalidade, de visão de mundo e de vida, de formas de conviver com política. Como você se expressa diz muito de você, como você pensa, sente. A linguagem não é um instrumento isento de valores. É uma maneira de refletir e construir a vida social e de definir as condições de existir do indivíduo. Não se fala sem intencionalidades.

Como instrumento de investigação científica, a linguagem percorre caminhos entre psicanálise, filosofia, sociologia, linguística. A linguagem é uma das principais fontes de investigação para se interpretar os sentidos que os indivíduos fornecem à sua maneira de ser, sua própria história e de como o mundo funciona. Em alguns casos, como na política, a sistematização das mensagens nos conduz ao interior dos destinos dos interesses e vontades.

O pior momento na relação entre o governo federal e o Congresso Nacional é um caldo de mensagens a ser interpretado com cuidado. Primeiro porque o cenário político é de transição alongada desde o segundo governo Dilma Rousseff. De lá até aqui, Temer, Bolsonaro e Lula não conseguiram avançar na governabilidade e o Congresso Nacional virou ave de rapina para tentar usufruir benefícios diante das fraquezas de todos os governos que se fizeram.

O segundo aspecto do cenário é que temos uma Constituição de espírito parlamentarista em corpo de presidencialismo, no qual o poder executivo é dependente do legislativo e este passa a ser ordenador de orçamento público [o seu e meu dinheiro convertido em impostos, taxas, contribuições...]. Já desfigurada com tantas emendas, a Constituição perdeu seu sentido de origem e virou um assoalho de interesses efetivados em PECs de vantagens e proveitos regulares.

As mensagens e decisões sobre o aumento de parlamentares com custos extraordinários, e a “impossibilidade” de rever o conjunto de benefícios que causam inveja aos sheiks árabes, os efeitos parlamentares sobre o aumento do custo da energia elétrica que chegará em nossas faturas, o esforço de manter as emendas orçamentárias sem controle e sem transparência... Toda essa “linguagem” nos dá os sentidos do comportamento do parlamento, as filosofias de vida e de mundo, os conteúdos que organizam o corpo congressual. Não há nenhum plano de Brasil, de defesa dos interesses coletivos [das pessoas como eu e você], de se encarar a política como campo de ajustes altruístas.

O governo federal, no despencar da avaliação de desempenho, da queda com vertigem nas intenções de voto, do fantasma das avaliações negativas, sem capacidade de gerar capital político para impulsionar suas vontades, tende a voltar ao confronto maniqueísta “pobres contra ricos” [versão recauchutada de “elites contra trabalhadores”]. Não há nenhum plano de Brasil, de defesa dos interesses coletivos, de política como ajustes altruístas. E o STF sendo chamado a arbitrar sobre “roubos de galinhas” por raposas noturnas.

É preciso uma revisão geral do Estado, da Constituição e, especialmente, do comportamento e da cultura política. Isso inclui você, eleitor.


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