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Edison d´Ávila é itajaiense, Mestre em História e Museólogo, mestre em Cultura Popular e Memória de Santa Catarina. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da Academia Itajaiense de Letras e da Associação de Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí. É autor de livros sobre história regional de Santa Catarina

Vento terral ou “rapa-canela”: o frio em Itajaí


Vento terral ou “rapa-canela”: o frio em Itajaí

Os invernos de antes em Itajaí, quando ainda não eram conhecidas as denominadas “mudanças climáticas”, hoje tão faladas,  faziam-se acompanhar quase sempre de um vento forte, frio e cortante.

Era o vento terral, assim chamado porque sopra da terra para o mar, e que o povo costumava chamar de “rapa-canela”.

O vento, como se sabe, é o ar em movimento e é responsável por uma série de fenômenos naturais, dentre eles,  a formação de ondas no mar.

Os ventos,  conforme sua intensidade,  podem ser classificados em três tipos e quando sua velocidade oscila entre 19 e 35 quilômetros/hora, podem ser chamados de ventos moderados. É o caso do vento terral, que mesmo assim levanta forte poeira com muito detritos de areia, folhas, gravetos, etc.

Esse vento é o mais desejado por praticantes do surfe e o mais temido por pescadores e velejadores. Temido, porque em qualquer situação emergencial ou perda de controle, ele levará o pescador ou praticante da vela para o alto mar.

Já os surfistas o desejam, pois é responsável por segurar a crista das ondas do mar e pode originar alguns tubos e deixar lisa a parede das ondas. O terral  garante que a onda não quebre de forma irregular e que tenha uma parede mais lisa e tubular.

Tão apreciado por quem pratica o surfe, que  “Vento Terral” é o nome de uma grife de roupas, masculinas e femininas, para surfistas.

Mas,  nas manhãs geladas dos invernos de antigamente, o velho e malvado vento terral não era desejado, principalmente,  por trabalhadores e alunos que cedinho se dirigiam ao trabalho ou à escola.

Todos aqueles mais pobres, desprovidos de roupas mais quentes e protegidas,  temiam as lufadas de ar enregelante que ele soprava nos rostos, nas mãos,  nas pernas, em todo o corpo.

Quase ninguém tinha toucas, luvas, blusas de lã, casacos isolantes do frio. Alguma pelúcia ou um tecido de feltro era o que mais se usava para se fazer roupas de inverno, sem muita garantia de aquecimento adequado do corpo.

A rapaziada da escola, meninos e meninas, caminhando a pé,  com seus uniformes escolares de calça curta ou saia pelo joelho, deixando as pernas desprotegidas, era quem mais sofria. Além do frio glacial, o vento terral levantava a areia fina das ruas de terra, açoitando sem piedade as canelas dos guris e das gurias tiritantes.

Daí lhe veio  o apelido,  com que alcunharam o temido e gélido  vento: “rapa-canela”.


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