O controle sobre processos e interações requer algum nível de treinamento e formação combinados com contextos favoráveis. Os impulsivos se colocam nas rotinas como se ali pudessem fazer sua vida pelas próprias mãos. Gritam suas qualidades de autenticidade, mas são só impulsos. Como a noite escura, são as rotinas que lhe permitem a sensação de poder, mas se você fizer movimentos bruscos logo será percebido pelos ocupantes do ambiente e se postará como um prisioneiro vigiado pelo carcereiro. É a autodisciplina que poderá lhe conferir alguns ´pontos de liberdade “condicional” [pleonasmo, posto que toda liberdade tem regras para garantir a ação das pessoas]. Moderar as emoções e modelar a autodisciplina é caminho seguro para pequenas conquistas.
A rotina reduz as incertezas e lhe permitirá a sensação de que você controla seus atos e sabe exatamente o que quer. Não, você não está no controle. O controle que você pode inspirar é relativo às suas experiências, aos seus comportamentos, às suas atitudes. Este terreno psicológico [de seus estados e de seus processos mentais, comportamentos e interações com o mundo] poderá lhe provocar sensações de alívio e de autocompreensão de si e do mundo no qual está embutido. E o alívio de saber que você não está no controle.
As redes sociais são abalos sísmicos importantes para que se possa compreender os novos processos civilizacionais em novos ambientes sociais de experiências. Diante das telas, como um astronauta a olhar para o planeta no qual nasceu, desgarrado e fixado por uma fita à nave de segurança, o internauta se põe um senso de autonomia – como se estivesse no controle e com autoridade legítima de si para tomar decisões.
Não, você não está no controle! O que você faz nas redes sociais como mundo de existência pessoal é recebido por muitos e muitos grupos de interpretação sobre seus movimentos, seus interesses, seu tempo, suas disposições, suas existências. Antes, para se saber sobre o comportamento de consumo de clientes, empresas recorriam a relações diretas. Hoje, em muitos casos, é suficiente observar as conexões de internet.
O que parece ter acontecido é que as pessoas passaram a se inclinar para o autoengano do controle pessoal e, para isso, precisam se isolar dos outros. Basta fazer algum exercício de Análise de Conteúdo [técnica de pesquisa qualitativa para análise de padrões de comunicação] de mensagens de internautas para se perceber que os impulsos emocionais reservam ao submundo inalcançável da consciência a autonomia e o controle das pessoas sobre si mesmas.
Não, você não está no controle! Especialmente quando acredita que ao apertar alguns botões está fazendo suas próprias escolhas. Suas decisões não são suas escolhas!