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Comunicação e gritos


Comunicação e gritos

A comunicação é uma provocação, uma atitude que se fundamenta em atrair a atenção de outros. Qualquer conceito de comunicação se organiza em pelo menos cinco elementos coordenados: [i] um emissor, aquele que emite; [ii] um receptor, aquele que recebe; [iii] um meio, o idioma, e os veículos de transmissão; [iv] uma mensagem, o que é dito; e [v] um efeito, como a reação do receptor. Todo este conjunto são fundamentos para a interação. Quando nascemos aprendemos a falar, traduzir o que é falado em fatos, e, exatamente por isso, a vivermos em grupo. Não adianta falar ao vento!

Quando estamos diante de alguém e passamos a agir, estamos a nos comunicar. Podemos até não falar nada, mas isso, por si só, é uma mensagem. Como aquela pessoa que fica quieta e sem brilho num canto e que poderia ser considerada “sem personalidade”. Mas este comportamento contraído é exatamente a expressão de sua personalidade.

A Comunicação Política é justamente o aspecto mais central e sensível do campo político. É por este encadeamento que se compõe a imagem, a identidade, valores e princípios; é o meio pelo qual se traduz atitudes e comportamentos na integração de um sentido de representação, de similitudes, de liderança. A Comunicação Política é o corredor de demandas e das próprias condições de respostas do sistema político, dos processos de adaptação e mudanças, sempre sob condição das circunstâncias de determinados momentos.

Os momentos do sistema político vão vagando aos poucos nos contextos sociais. E isso fica bastante exposto, tal como uma fratura óssea, pela diferença entre as circunstâncias de campanhas eleitorais e as exigências de gestão pública. Assim, “ganhar” uma eleição é tratar sobre a “esperança coletiva”, enquanto que executar uma gestão pública governamental é ser avaliado pela capacidade de respostas em termos de Capital Político. Mais do que uma conversa qualquer, uma fala em uma esquina, a Comunicação Política se transforma no eixo de formação de ideias, ideais, perspectivas, esperanças, identidades, princípios, poder, prestígio.

E quando se tem que lutar para se estar na condição de líder político, é necessário muito mais do que um audiovisual impulsionado. Mais do que uma imagem tecnológica, o que se diz, como se diz, por que se diz, a quem se diz; as escolhas verbais, as condições de exposição, o cenário que conduz a mensagem, o tom de voz, a forma de olhar, os gestos construtores de vigor e força, as pausas, as passagens, não são coisas para ficarem bonitas, senão para serem eficientes e formadores de força e de luta.

Diante de alguém, você precisa encarar a reação, a contrarresposta, a possibilidade de discordância. É por isso que você escolhe determinadas palavras, tom de voz, métrica, ênfase quando quem lhe ouve também lhe olha. O outro diante de você é fator de co-respondência. Mas na internet, sem a necessária co-respondência, cada um é “castelo intransponível” desde que não precise encarar o receptor.

A Política da Internet é uma guerra de gritos entre os incapacitados a ouvir. Por não olhar o outro diante de si, brandam aos ventos, provocam revoltas, não constroem diálogos nem debates, e estão mais propensos a ofensas do que a entendimentos. Ali se abrem as bocas e se fecham as orelhas. Na Política isto significa autoritarismo.


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