Colunas


Sonhos em Tarimbas


A Cidadania, quando existe, é demonstrada pelo respeito ao que é público, ao direito das pessoas, ao reconhecimento de que as instituições instruem e iluminam os caminhos. É algo que precisa ser incorporado, se fazer corpo, fazer-se essencial como oxigênio à respiração humana. Na história das nações, o processo de nascimento e efetivação da Cidadania se fez com lutas, revoluções políticas e mudanças no comportamento. O proveito individual ou os privilégios de pequenos grupos ficaram ressentidos, diminuídos e envergonhados. Provocara-se uma ética de convivência, como o sentimento de desonra sentida por se roubar uma pessoa com deficiências múltiplas.

No Brasil a cidadania ainda está no planeta da esperança e orbita sonhos políticos de democracia. Há muito a ser feito até que a viagem estelar se aproxime de bom fim. Olhando o lastro, nossa cultura política revela a trajetória de um território explorado sem povoação. A Colônia Portuguesa na América era fonte de ouro, de pau-brasil, de cana de açúcar e de todas as minas possíveis para alimentar o Reino lusitano. A Independência foi gerada como íngua num corpo desidratado. O Império foi a costura do personalismo festivo do Rei. A República foi aplicada contra a monarquia e não a favor da construção do Estado propulsor da coisa pública e o bedel frente aos interesses particulares.

E estamos a viajar por galáxias de compromissos personalistas, em naves de segredos sobre os recursos públicos, alimentadas com combustível de corrupções oficializadas em lei. A República [Res-Pública] ainda é esperança visível em sonhos dormidos em tarimbas, camas rudes. O confessionário das propinas engolidas da Petrobras atinge mais de R$ 6 bi, admitidos em acordos de leniência por empresas. Admissão de ato de culpa [Rolls-Royce PLC, Technip Brasil, Flexibras, Camargo Correa, Samsung Heavy Industries, Braskem, Carioca Engenharia, ....]. Eliminado o processo, transferida a Instância e elevada a sentença à deterioração por fungos da prescrição, as condenações da Lava-Jato expuseram a condição de mãos e bolsos na gestão pública.

Noutro trecho da viagem nos deparamos com meteoros gigantescos de orçamentos secretos que tem em reserva R$ 16,8 bi. O deputado que indica a verba e o destino ficam em sigilo. Por que? Uma relação entre Congresso e Governo Executivo, com dinheiro público e que envolve voto e recurso público. Sendo o recurso de fonte pública todo o seu trajeto e caminhada têm que ser, têm que ser, têm que ser feitos à luz do sol. Ainda que, com cara de madeira, o Presidente do Senado diz que é impossível declarar ampla transparência aos recursos utilizados das “emendas do relator”. Completa insanidade republicana.

E numa das curvas cosmológicas o saboroso “Cartão Corporativo” tem recrudescido na transparência sobre gastos o trajeto de consumo e os caminhos do dinheiro cartonado. São de R$ 3,76 mi somente de janeiro à abril de 2020. Foi preciso um jornal entrar na justiça em 2020, mas a sentença de transparência está obscura, em nevoeiro espacial.

A degradação contínua da Nave Brasil tem levado a tripulação a se tripudiar, a se estripar, a condenar-se uns aos outros. A Nau, desgovernada, anda sem rumo, e os comandantes olham para trás, dão círculos e percorrem os mesmos caminhos de antes. Uma viagem com desprezo da ciência, de educação da política de escárnios, do meio ambiente vestido de fogo, da vacina e do jacaré, do vírus e da cloroquina, da inocência beatifica em leniências, do Banco Mercantil do Congresso. Indignação!

Ao acordarmos para a vida de trabalho desta semana que se inicia é preciso arrumar a tarimba, pensar na mesa e no prato. Luta!


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

No réveillon, você é do time que…



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Governo consegue aprovar Plano Clima após diluir responsabilidade do agro

PLANO CLIMA

Governo consegue aprovar Plano Clima após diluir responsabilidade do agro

Três meses após sanção da Lei Felca pais não sabem proteger filhos na web

Controle parental

Três meses após sanção da Lei Felca pais não sabem proteger filhos na web

Empresas de festas visam adolescentes e marketing predatório aposta até em porta de escola

NA PORTA DA ESCOLA

Empresas de festas visam adolescentes e marketing predatório aposta até em porta de escola

Lula encomenda proposta para reduzir dependência de combustíveis fósseis no Brasil

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

Lula encomenda proposta para reduzir dependência de combustíveis fósseis no Brasil

Novo licenciamento ambiental é desregulação e pode chegar ao STF, diz presidente do Ibama

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL

Novo licenciamento ambiental é desregulação e pode chegar ao STF, diz presidente do Ibama



Colunistas

Bingos beneficentes em Santa Catarina: boa intenção, mas assim não pode!!!

Artigos

Bingos beneficentes em Santa Catarina: boa intenção, mas assim não pode!!!

Jorginho larga na frente, mostram pesquisas

JotaCê

Jorginho larga na frente, mostram pesquisas

Coluna Esplanada

O teste de Alckmin

Manhã encantada

Clique diário

Manhã encantada

Ofensiva contra o fim das cotas

Coluna Acontece SC

Ofensiva contra o fim das cotas




Blogs

Câmara rejeita projeto

Blog do JC

Câmara rejeita projeto

Deu tudo certo: um abraço através do tempo na minha criança interior

VersoLuz

Deu tudo certo: um abraço através do tempo na minha criança interior

Saúde: ouça seu corpo para agir na causa e não no sintoma

Espaço Saúde

Saúde: ouça seu corpo para agir na causa e não no sintoma

Moradores de rua por todos os lados

Blog do Magru

Moradores de rua por todos os lados






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.