Hoje, 11 de abril de 2017, terça-feira, o Brasil está à beira de uma explosão social e política. Tudo porque especula-se que um ex-presidente pode ter sua condenação proferida nos próximos dias. Há muita euforia, aquela alegria intensa, incontida, expansiva. Para mim este momento de êxtase não é pela condenação de um ex-presidente, mas pelo fato de que estamos iniciando uma luta contra a corrupção. Quero acreditar nisso! Preciso acreditar nisso!
Nos dias de hoje, este fardo da corrupção deixa pessoas em filas de hospitais a morrerem por falta de atendimento, por falta de médicos, por falta de medicamentos, por falta de oxigênio. Pessoas morrem todos os dias desse jeito e o ministro da Saúde mente para a população falando coisas que ele gostaria que fossem, mas não são. Preciso lhe dizer que nosso ministro da Saúde é um alucinado que sofre de mitomania [aquele que mente, acredita em sua mentira e cria um mundo cuja culpa é sempre dos outros].
Nos dias de hoje fervilha nossa esperança. Mas nem tudo parece seguir bem. Daqui para frente as questões jurídicas serão mais intensas do que as de caráter político-institucional. O Congresso Nacional, que nunca se fez muito virtuoso quando se fala em espírito republicano, ficará mais e mais refém de decisões judiciais. Talvez tentem se proteger em bolhas de privilégios. Juízes farão mais política do que os Deputados Federais e Senadores. Saberemos mais de juízes do que de deputados. Difícil construir democracia assim, mas seguimos sem saber muito bem se caminhamos para frente.
Nos dias de hoje muitos políticos estão presos e já não me importo muito em saber quem são. Provavelmente esqueceremos deles em breve. São muitos parlamentares, gente do poder executivo e de estatais e de empresas que faziam discursos com brilho nas intenções, mas que escondiam dinheiro em caixas de papelão como se embalassem louças para mudança. Gente que tem tanta adoração pelo dinheiro que os guardava na cueca como se ali fosse um cofre inviolável de relações íntimas.
Nos dias de hoje as pessoas também ficam tensas, propensas à violência, arredias em seus discursos e ofendem-se uns aos outros como se estivessem no séc. XIII, em plena Idade Média em atos de Inquisição para julgar crimes de heresia. Em nome do Papa Gregório IX, seguem as bulas do Inqusitio Haereticae pravitatis. Esses humanos dos dias de hoje agem, por meio de redes sociais, como se também fossem juízes num tribunal medieval. Sofrem do mesmo mal: são empresários de fábricas que produzem verdades; se consideram donos da verdade, e por isso estão sempre a condenar os outros. Sofrem de muitos males.
Nos dias de hoje, aqui neste país, tudo pode desmoronar. Talvez tenhamos que enfrentar os momentos mais difíceis de nossa experiência histórica em política e em saúde porque as pessoas podem morrer a qualquer momento por causa de um vírus; porque os eleitos se mostram incapacitados para unir um país e cumprir suas funções governamentais com responsabilidade pública.
Ao invés disso, descartam as orientações de caráter científico com seus métodos desenvolvidos por longos períodos; ao invés disso esquecem suas promessas com as quais foram eleitos, mas que agora devem estar no bolso de uma calça surrada, perdida no guarda-roupa ou jogada no lixo.
Nos dias de hoje, temo pela ilusão que ofusca. Temo que ali na frente nossas crenças caiam no abismo. Os eleitos, embora em queda livre, imaginam que estão voando e saboreiam o ar nas ventas, o zumbido nas orelhas, o esvoaçar dos cabelos como se estivessem em pleno voo de águia. Mas é queda e desabaremos com a cara no chão. E vamos ter que ressurgir. Difícil construir democracia assim, mas seguimos sem saber muito bem se caminhamos para frente. Ficarei fora por um longo tempo. Conte-me as novidades. Agora preciso ir! Tenho hora com a Cartomante Elisa Regina. Segundo ela, todos os reis vão cair.