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Oposição, um bicho de sete cabeças


Qual a diferença entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o futuro ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? São inúmeras e, sobretudo, em contextos diferentes. Entretanto, diria o elemento fundamental: FHC um intelectual e Lula um operário. Ou seja, ao final de oito anos na presidência, FHC fala da política como uma “arte”, enquanto para Lula a política seria uma “imagem”. É algo bem narcisista e nada espantador para quem privilegia a popularidade e no fundo acaba debochando do institucionalismo brasileiro. Por fim, se um aprendeu a escrever sobre política, o outro aprendeu a aprimorar politicagem.

Convém fazermos uma leitura sobre o fenômeno do poder e da autoridade – política. Fora desses parâmetros, ficaremos batendo boca como se falássemos de futebol ou religião. A política criou constrangimentos entre a população, e logo caímos numa dicotomia: quando não participava, lutou por seus direitos; e participando, joga tudo para o alto e vai num bar tomar cerveja. Portanto, o nosso “operário” foi mais genial e talvez intelectual, percebendo a miséria do povo. Não a miséria física, pois política social qualquer organismo (direita ou esquerda) faz, embora que só o governo Lula vai para a televisão mostrar. E sim a miséria da consciência política. A carência de um ‘tanto faz como tanto fez’ lá em Brasília.

Dessa forma, algumas regiões do Brasil se sentiram mais capazes e quebraram a polaridade eleitoral do Sudeste. Já foi o tempo em que São Paulo e Minas Gerais decidiam eleições. Hoje, ter partidos nessas regiões é sinônimo apenas econômico. E esse econômico não interfere nos votos de estados menores. Ou você pensa que sendo eleito num desses maiores colégios eleitorais está exposto numa grande vitrine? Pergunto-me de onde saiu Marina Silva? Dilma Rousseff? Apenas José Serra, que vai para sua segunda derrota presidencial, segundo as pesquisas de intenções de votos. Portanto, o que vale é a imagem, mas não a imagem do tradicional e sim a do marqueteiro.

A política para os políticos sempre foi como um jogo, e sem time não vence. O que fez a oposição? Tentou vender abacaxi no momento em que o eleitorado queria comprar banana. Tentou colocar em cartaz filmes antigos na hora em que o eleitorado gostaria de ver lançamentos. Sobretudo, a empolgação da oposição foi aquecida num micro-ondas e logo esfriou. E hoje, alguns da oposição vêm dizer que política é uma “arte”, algo já percebido por FHC lá atrás. O qual, novamente, foi para o exílio. Coitado! E toda eleição presidencial para FHC será sempre assim, o próprio partido representará a ditadura e lhe concederá o exílio para ficar quietinho e apagando sua história.

Não quero aqui dizer quem foi o melhor ou pior presidente. Busco o que foi esquecido. Refletir. Refletir sobre que viramos torcedores de arquibancada e esquecemos que somos eleitores. Talvez olhamos demais para a política europeia e estadunidense, e esquecemos que somos latino-americanos. Assim, usando as próprias ferramentas para fazermos uma eleição crítica e não cítrica. Por fim, do federal para o estatal, a oposição e situação estão almoçando juntas.

José de Souza Júnior

Graduado em Filosofia pela UNIFEBE/Brusque e Mestrando em Ciências Políticas-UFSCar/São Carlos-SP

Contato: js_junior@yahoo.com.br


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