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Turbulência à vista


O governo Dilma Rousseff abusa do direito de inventar moda na política econômica. Mas este território – o da economia - não é para principiantes, menos ainda para quem pensa que entende. Lula, que era bem mais atilado, nunca ousou: fez o feijão com arroz e teve a sorte de viver um período esplendoroso da economia mundial. Ano que vem, vença quem vencer a eleição, não há como escapar: o governo terá que dar um tranco formidável na economia, para arrumar a casa.

Aplaudi, desta coluna, a firmeza da presidenta, ao atacar de frente as taxas obscenas de juros do país. Até então, somente ela teve a coragem desse enfrentamento. Mas não faltaram alertas sobre o caráter simplório da medida. Derrubar os juros não é um ato de “vontade política” do governante. E foi adotado de forma açodada, desacompanhado de outras providências, entre as quais a mais óbvia era – como ainda é – o comedimento nos gastos governamentais.

As decisões na área econômica precisam “dialogar” com outras tantas variáveis, em cadeias que se sucedem. Tomadas isoladamente, desvinculadas do conjunto, voluntariosas, tendem a provocar novas e mais complicadas distorções.

Quando Dilma impôs ao banco Central a queda de juros, agiu a partir da consideração limitada – para não dizer tosca – de que os juros eram altos no Brasil apenas porque ninguém, nem mesmo Lula, ousou enfrentar os interesses em jogo. Os juros eram proibitivos por causa da maldade e da cobiça dos banqueiros e agentes financeiros.

Deu no que deu. Agora, cada reunião do Copom é uma escala de subida na taxa básica de juros, a Selic, um índice estratégico das finanças do Brasil.

Na mesma conjuntura, com a sequência de “pibinhos” e com o desempenho sofrível da economia, o governo jogou todas as fichas no incentivo ao consumo, através da expansão do crédito e da isenção de impostos. Cheia de razão, a presidenta andou pelos foros internacionais distribuindo lições aos seus colegas estadistas, de como enfrentar a crise iminente. Mas o excesso de demanda e a farra consumista descompensaram o equilíbrio do sistema de preços. Resultado: inflação.

O desconto nas contas de luz, anunciado pela presidenta em rede nacional, foi de cair o queixo. Se era assim fácil, por que os antecessores não o concederam? FHC, talvez, porque não gosta dos pobres, segundo a lenda. Mas e Lula? Os consumidores mal tomaram conhecimento do “presente”. Já as empresas de energia entraram em parafuso, amargando um colossal rombo nas finanças, o qual será bancado pelo Tesouro, isto é, pelo respeitável público.

Acumulam-se defasagens no sistema de preços. Na energia elétrica, o cálculo é da ordem dos 25%; nos transportes públicos, 10%. Nos combustíveis, é de 15%, o que está levando a maior estatal brasileira à breca. Agora, os petistas têm de aturar a sutil provocação de Aécio Neves, que promete “reestatizar a Petrobras”.

Enfim, a economia do país está na mais perfeita desordem. Vem turbulência por aí. A boa notícia é que será somente em 2015. Este ano, o governo está muito ocupado com a sua única prioridade, que é a reeleição.

titoguarniere@terra.com.br


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