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Corrupção
A palavra corromper, da qual deriva o termo corrupção, tem a sua origem etimológica no latim. A fusão de com, prefixo intensificativo, com rumpere, que significa quebrar, partir, arrebentar, equivale a um rompimento drástico de algo integral ou integrado: um sistema, um padrão de comportamento etc.
A corrupção, sob o ponto de vista social, é a quebra abrupta da integridade de uma sociedade, de regras de convivência, às vezes de menor importância, às vezes não, a depender da atenção que a mídia dá àquele ato corruptivo num dado momento histórico.
Há de se pressupor que a grande massa de brasileiros, por exemplo, é objeto de manobra do que é noticiado sem a devida capacidade de senso crítico. E isso, com certeza, não é privilégio dos não letrados, pois em meados de 2012 uma pesquisa apontou que 38% dos estudantes do ensino superior brasileiro não dominavam as habilidades básicas de leitura e de escrita (Indicador de Alfabetismo Funcional - Inaf).
Com certa frequência, as pessoas apontam, desavisadamente e por influência da mídia, que a corrupção é algo residente num determinado grupo político, pressupondo que, acabando com esse grupo ou retirando-o do poder, a corrupção seria exterminada. Ledo engano!
Creditar somente a alguns a corrupção é ver uma solução simples para um problema complexo, e, como se sabe, não existem soluções fáceis para problemas difíceis. Pressupor soluções levianas para casos dessa monta é tratar o tema com o jeitinho brasileiro, com a improvisação, práticas que, aliás, somos mestres.
Pensar assim decorre não apenas da falta de um planejamento mediato, mas também da ausência de visão do sistema como um todo. É necessário também encarar o fato de que, por aqui, não reina o respeito ao império da lei, virando o verdadeiro paraíso da impunidade.
As corrupções existentes na CBF (CPI aprovada na última sexta-feira, no Senado), no Congresso Nacional e nos Poderes republicanos são de todas as cores, ideologias e classes, não apenas de um partido. Não representam mais do que o reflexo de pequenos rompimentos cotidianos que ocorrem no corpo da sociedade, como o furar a fila do ferry boat, pagar por fora para que o um processo no órgão público tome a frente dos demais ou entrar na fila do idoso ou da gestante sem ser um deles.
Logo, pagar propina em licitações é apenas a ponta do iceberg, que é um tanto mais profundo.
Esse grupo corrupto ocupante da elite é apenas um galho da árvore envenenada, consequência lógica daquilo que vem sendo imposto como cultura brasileira e que se reflete, inclusive, nas salas do Planalto e nas Casas do Congresso. Note-se que é da própria sociedade que saem essas pessoas que antes se permitiam romper regras pequenas e que hoje rompem regras que a mídia de massa impõe de alta repugnância.