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A procura da solteirice
As paredes eram brancas e o chão estava fofo de neve. Um olhar pra dentro do corredor trouxe um desafiador encontro com o medo que parecia residir ao longo daquela galeria gélida.
A frente seguia um homem de cabeça erguida. Parecia confiante e com um puxão nada delicado trouxe consigo alguém que obrigatoriamente o acompanhou. O homem de olhos atentos e incertos deixava transparecer que procurava por algo que, em algum canto daquela passagem, ele tentava encontrar. Examinava nas mínimas imperfeições da parede uma pista que o levasse ao objeto extraviado. Só Holmes do Conan Doyle investigando algum crime seria tão atento e diligente.
A agitação, notou-se, tomou conta dele quando encontrou no final do passadiço, enfim, duas escadas: uma íngreme em caracol e outra reta. Sob a reta continuou a explorar como se houvesse perdido um tesouro ali. Nada encontrou. Olhou para a escada caracol e teve então a certeza de que era sua única saída. E subiu, acompanhado, é claro.
Ao chegar no andar de cima encontrou um grande restaurante com todos os seus amigos que, ao vê-lo entrar, saudaram-no como se tivesse entrado ali o ganhador de um grande prêmio.
Ele pouco entendeu.
Encaminhou-se rapidamente ao toilet, conforme lhe foi orientado na entrada, onde tomou um ar pra voltar e sentar-se a mesa para receber o carinho de todos que os esperavam ansiosamente para comemorar algo que ele não sabia exatamente o que era, mas que logo perceberia ser sua festa de casamento.
Justificou-se então, ele procurando algo sob a escada que não mais achou: sua solteirice.