Ideal Mente
Por Vanessa Tonnet - Vanessatonnet.psi@gmail.com
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O silêncio do luto nas festas de fim de ano
Enquanto as ruas se iluminam, muitas casas permanecem em silêncio.
O fim do ano costuma ser apresentado como tempo de celebração, encontros e esperança mas, para quem está em luto, essas datas podem se tornar um território sensível, marcado por ausências que doem mais do que em qualquer outra época.
As festas intensificam tudo aquilo que já está ferido. A cadeira vazia à mesa, a mensagem que não chega, o abraço que não existe mais. O Natal e o Ano Novo funcionam como amplificadores emocionais: lembram o que foi vivido, o que não será mais e o que jamais poderá ser repetido. Não é fraqueza sentir isso. É humanidade.
Do ponto de vista psicológico, o luto não é apenas tristeza. Ele reorganiza a vida inteira. Afeta o corpo, o pensamento, as relações e a forma como enxergamos o mundo. Datas simbólicas, como as festas de fim de ano, funcionam como gatilhos porque reforçam a percepção da perda e confrontam a pessoa com a nova realidade: a vida segue, mas não do mesmo jeito.
Como psicóloga especializada em luto e também como alguém que viveu perdas profundas acompanho diariamente pessoas que, nessa época, não querem festas, não querem explicações e não querem ser pressionadas a “ficar bem”. Querem apenas sobreviver emocionalmente aos dias difíceis. E isso já é muito.
É importante lembrar: não existe uma forma certa de atravessar essas datas. Algumas pessoas preferem se recolher, outras buscam companhia. Algumas choram, outras ficam em silêncio. Nenhuma dessas formas é errada. O luto não tem prazo, nem roteiro, nem obrigações emocionais.
Talvez o cuidado mais importante seja permitir-se viver o possível. Respeitar limites, acolher a própria dor e não se cobrar por sentimentos que ainda não conseguem existir. O fim do ano não precisa ser superado ele precisa ser atravessado com gentileza.
Para quem sente que precisa de apoio emocional nesse período, escrevi o e-book Natal com Saudade, um guia de acolhimento e psicoeducação sobre o luto nas festas de fim de ano. Ele não promete superação, mas oferece compreensão, cuidado e companhia para quem está vivendo esse silêncio.
Mais informações sobre o material e sobre meu trabalho clínico podem ser encontradas no Instagram @vanessatonnet.psi, onde também compartilho reflexões e orientações sobre luto, perdas e saúde emocional.
Que possamos olhar com mais empatia para quem atravessa o fim do ano em dor. Às vezes, o maior gesto de amor é simplesmente permitir que o outro sinta.
