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A Prefeitura tem de dar o exemplo

Publicado 13/12/2025 00:15

Descaso I

A Secretaria de Obras gosta muito de utilizar a frase ‘O transtorno passa, a obra fica’ para justificar junto aos moradores de uma localidade os problemas cotidianos causados por determinadas obras que ocorrem nas ruas da cidade. Acontece que alguns transtornos também ficam, por conta do desleixo das empreiteiras terceirizadas da Prefeitura. Dou como exemplo a minha rua. Faz dois meses que fizeram uma intervenção na Rua Treze de Maio e as lajotas retiradas ainda estão depositadas no passeio da rua.

Descaso II

Com a população ficando cada vez mais idosa, um fenômeno mundial, o risco dos pedestres sofrerem acidentes devidos os defeitos nas calçadas se torna cada vez mais iminente. Então, no meu entendimento, a Prefeitura tem de tomar duas medidas em caráter de urgência: 1 – dar o exemplo – não deixando as terceirizadas jogarem  resto de obras sobre os passeios e meios-fios, bem como arrumar direitinho os passeios de seus imóveis (escolas, ginásios ....); 2 – aumentar a fiscalização notadamente sobre as grandes empresas e comércios.

Retrocesso I

A Alesc – Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina – deu um presente de Natal para os catarinenses um pouco controvertido e polêmico. Acabou com o sistema de cotas para minorias ao mesmo tempo que aprovou a instalação de câmeras de videomonitoramento em salas de aula para punir o que pode ser considerada doutrinação ideológica por parte dos professores.

Retrocesso II

O problema está justamente em definir o que vem a ser essa tal de ‘doutrinação ideológica’ em uma aula de Biologia. Se falar de ‘criacionismo’ ou ‘darwinismo’ o professor poderá ser punido, não obstante estar se limitando a dar aula sobre conteúdo oficial estabelecido pelo MEC.

Retrocesso III

No meu caso, com certeza eu seria demitido da Univali no primeiro dia letivo do ano, porque como professor de matérias ‘reflexivas’ (Filosofia, Sociologia, Realidade Brasileira, História da Educação ...) nunca deixei de fazer a minha análise sobre todas as teorias e doutrinas. Os alunos de esquerda me acusavam de ‘direitista e burguês’; os alunos de direita me acusavam de ‘esquerdista e comunista’. Todos reclamavam à Pró-Reitoria de Ensino e lá ia eu me justificar. Quando explicava a teoria marxista o pessoal da direita me denunciava como comunista; quando explicava a lógica doutrinária do liberalismo o pessoal da esquerda me denunciava como capitalista ..... Isso no período anterior à bipolarização Lula-Bolsonaro, imaginem como seria a minha vida de professor nos dias de hoje.

Retrocesso IV

Acontece que essas matérias tidas como reflexivas e analíticas não podem, por natureza, ser limitadas à reprodução burocrática de conteúdo. O professor que ministra essas disciplinas tem de ter uma postura intelectual, de produção próprio de conteúdo e conhecimento. Ter a capacidade de ir além da reprodução burocrática do conteúdo promovendo análise, avaliação e produzindo cenários. Agora, como ser um intelectual dentro da sala de aula numa universidade monitorada por câmeras que visam coibir justamente a liberdade de cátedra?

Retrocesso V

O monitoramento dentro da sala de aula é um atentado contra a inteligência na educação. Mais do que isso: um atentado contra a liberdade de cátedra e de expressão. Favorece a formação de um cenário padronizado de reprodução acrítica do conhecimento.

Livro

Recebi do casal de amigos Denir e Dora, pais da Kênia, o livro ‘A vida é uma dança – uma biografia de José Sandri e Miranda Zermiani Sandri’ elaborado pela Editora Oficina de Luiz Garcia. O livro relata a vida de um século completado pelo casal Zépe e Miranda. Uma história digna de registro. A minha coleção de livros de Itajaí agradece.

 

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